São Paulo, quarta-feira, 11 de março de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Exército põe 200 homens na busca de fuzis

Em ação com policiais civis e militares, soldados ocuparam 4 áreas em Caçapava e São José; roubo de armas foi no domingo

Autorização da Justiça, obrigatória para todas as operações fora do quartel, "está sendo providenciada", segundo disse o Exército

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Soldados patrulham entrada de vila rural em Caçapava (SP); para recuperar fuzis roubados, Exército e policiais ocuparam bairros da cidade

ROGÉRIO PAGNAN
DO ENVIADO ESPECIAL A CAÇAPAVA (SP)

Mais de 200 homens do Exército, além de um grupo de pelo menos 100 policiais civis e militares, ocuparam quatro bairros de Caçapava e de São José dos Campos para tentar recuperar os sete fuzis roubados no domingo de um quartel. Dois helicópteros estão sendo utilizados na operação.
Embora o Tribunal Superior Militar afirme que todas as operações fora dos quartéis precisam de autorização da Justiça, ontem à noite o comando do Exército em Caçapava (116 km de São Paulo) informava que essa autorização "está sendo providenciada".
O comando disse não se trata de ocupação, mas de "patrulhamentos e pontos de controle". Para o TSM, esse tipo de ação também precisa de autorização por ser atribuição da PM.
Mesmo sem essa autorização, os militares montaram desde a tarde de anteontem uma série de pontos de bloqueio e de vigilância em quatro áreas nessas duas cidades, além de fazer revista em imóveis -segundo os moradores.
O tenente-coronel José Mateus Teixeira Ribeiro, oficial de comunicação social, disse que essas áreas foram escolhidas após a inteligência do Exército apontá-las como possíveis destinos das sete armas roubadas. Ainda de acordo com ele, as tropas ficarão nesses locais até a recuperação dos fuzis. "Nós vamos encontrá-las", disse.
Para ele, não há irregularidade nas ações porque todas estão sendo feitas em conjunto com as polícias Civil e Militar.
Nos cinco pontos de bloqueio vistos pela reportagem, os carros são parados com participação do Exército, mas a revista é feita por PMs. Os militares fazem a segurança com fuzis.
Na Vila Paraíso, em Caçapava, o carro da reportagem foi parado. Um dos policiais informou que a ocupação tem o objetivo de atrapalhar o comércio de drogas e, dessa forma, forçar os traficantes a entregar os responsáveis pelo roubo dos fuzis.
O quartel de Caçapava foi invadido no domingo por cinco homens armados. De acordo com o tenente-coronel Ribeiro, a ação foi bem planejada, mas contou também com a falha dos sentinelas. A Folha apurou que, pelo modo de atuação dos invasores, o Exército suspeita que houve participação de algum militar ou ex-militar.
Por isso, algumas pessoas que deixaram o Exército nos últimos meses estão sendo ouvidas ou investigadas.
A reportagem conversou com a família de um deles, na Vila Paraíso. O relato é que os militares revistaram o quarto do rapaz -que estaria trabalhando- sem autorização judicial. "Minha filha estava dormindo", disse o comerciante Aparecido dos Santos, 49. O filho deixou o quartel há 20 dias.
O tenente-coronel Ribeiro negou que a casa tenha sido revistada e disse que o objetivo da visita era apenas conversar com a família. Ele afirmou que o Exército também procurou ex-militares nas cidades de Lorena e Piquete, na região.
Outros moradores, como o ajudante-geral Manuel de Jesus das Neves, 44, dizem apoiar a ação. "Eu até queria que eles fossem na minha casa para ver que não tem nada", disse.


Texto Anterior: Há 50 Anos
Próximo Texto: Investigação: 7 soldados rendidos são afastados
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.