São Paulo, quinta-feira, 11 de abril de 2002

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SAÚDE DA FAMÍLIA

Em Cidade Tiradentes, há 4 equipes do programa, mas só 1 com médico, para atender 16 mil pessoas

Moradores tentam recrutar médicos

DA REPORTAGEM LOCAL

Moradores de Cidade Tiradentes, periferia da zona leste da capital paulista, realizam panfletagem e propaganda boca-a-boca para trazer médicos para o PSF (Programa Saúde da Família) da região. Gilson Ferreira de Araújo, 41, integrante do movimento popular de saúde da área, espalhou cartazes até em Santo André (região metropolitana de São Paulo), onde trabalha. "Estamos com uma expectativa muito grande."
Há quatro equipes do PSF da prefeitura na unidade que será inaugurada no próximo sábado, na rua Profeta Jeremias, próximo da Associação de Moradores. Mas só uma com médico para a demanda de pelo menos 16 mil pessoas. Um segundo deve chegar na segunda-feira.
"Aqui só vêm heróis e heroínas que acreditam no projeto", diz a diretora do distrito de saúde de Cidade Tiradentes, Célia Bortoletto. De acordo com ela, a distância é o principal empecilho para os profissionais.
"Nos locais a que estamos chegando não havia nada. Então, mesmo com equipes incompletas, faz diferença", diz Anna Maria Chiesa, coordenadora do PSF em São Paulo. "A dificuldade é maior nas áreas mais distantes do centro, nos extremos da zona leste e da zona sul."
O risco que a prefeitura corre é de sobrecarregar médicos que trabalham em unidades com equipes incompletas.
Célia afirma que na região da nova unidade já avisou a população que a prioridade são as gestantes. "Mas, se tiver fila aqui na segunda-feira [dia em que começa o funcionamento oficial", vamos ter de explicar", diz.
"O perfil do profissional disponível no mercado não atende ao PSF, principalmente o médico. Criaram um programa para um profissional que não existe", diz Mário Scheffer, representante de usuários no Conselho Nacional de Saúde. "O mercado e a formação determinam o profissional. Precisamos melhorar salários e mudar o perfil desses médicos", diz Gilson Carvalho, especialista em saúde pública.
O ministério promete aumentar a injeção de verba no PSF para melhorar salários e aumentar as atividades de capacitação. Quer também mudar o currículo dos cursos de medicina. (FL)


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