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SAÚDE DA FAMÍLIA
Em Cidade Tiradentes, há 4 equipes do programa, mas só 1 com médico, para atender 16 mil pessoas
Moradores tentam recrutar médicos
DA REPORTAGEM LOCAL
Moradores de Cidade Tiradentes, periferia da zona leste da capital paulista, realizam panfletagem
e propaganda boca-a-boca para
trazer médicos para o PSF (Programa Saúde da Família) da região. Gilson Ferreira de Araújo,
41, integrante do movimento popular de saúde da área, espalhou
cartazes até em Santo André (região metropolitana de São Paulo),
onde trabalha. "Estamos com
uma expectativa muito grande."
Há quatro equipes do PSF da
prefeitura na unidade que será
inaugurada no próximo sábado,
na rua Profeta Jeremias, próximo
da Associação de Moradores. Mas
só uma com médico para a demanda de pelo menos 16 mil pessoas. Um segundo deve chegar na
segunda-feira.
"Aqui só vêm heróis e heroínas
que acreditam no projeto", diz a
diretora do distrito de saúde de
Cidade Tiradentes, Célia Bortoletto. De acordo com ela, a distância
é o principal empecilho para os
profissionais.
"Nos locais a que estamos chegando não havia nada. Então,
mesmo com equipes incompletas, faz diferença", diz Anna Maria Chiesa, coordenadora do PSF
em São Paulo. "A dificuldade é
maior nas áreas mais distantes do
centro, nos extremos da zona leste
e da zona sul."
O risco que a prefeitura corre é
de sobrecarregar médicos que
trabalham em unidades com
equipes incompletas.
Célia afirma que na região da
nova unidade já avisou a população que a prioridade são as gestantes. "Mas, se tiver fila aqui na
segunda-feira [dia em que começa o funcionamento oficial", vamos ter de explicar", diz.
"O perfil do profissional disponível no mercado não atende ao
PSF, principalmente o médico.
Criaram um programa para um
profissional que não existe", diz
Mário Scheffer, representante de
usuários no Conselho Nacional
de Saúde. "O mercado e a formação determinam o profissional.
Precisamos melhorar salários e
mudar o perfil desses médicos",
diz Gilson Carvalho, especialista
em saúde pública.
O ministério promete aumentar
a injeção de verba no PSF para
melhorar salários e aumentar as
atividades de capacitação. Quer
também mudar o currículo dos
cursos de medicina.
(FL)
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