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ADMINISTRAÇÃO
Em apelo à PM e à Justiça, prefeita culpa sindicatos pela falta de ônibus nas ruas e pelo despejo de lixo
Marta se diz vítima de crime organizado
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar do fim da greve dos motoristas, 71 mil paulistanos ainda
são afetados pela falta de transporte devido a uma ação atribuída ao sindicato da categoria, ligado à Força Sindical. Na madrugada, caminhões de lixo são bloqueados, prejudicando a coleta.
Nada menos do que 35 toneladas
de lixo são jogadas nas ruas e em
frente a um órgão da prefeitura,
que culpa o sindicato da categoria, cujo diretor e mentor do protesto é filiado ao PT.
A prefeita Marta Suplicy (PT)
reúne secretários, chama a imprensa e faz seu maior ataque público a motoristas, classificando
as ações desencadeadas ontem
contra usuários e sua administração como "políticas" e típicas do
"crime organizado".
Essas foram cenas do capítulo
de ontem de uma crise que, na segunda e na terça-feira, já fez 3,5
milhões de usuários sofrerem
com a falta de transporte.
Marta afirmou que a prefeitura
já fez a sua parte para conter a
ação dos sindicatos e fez um apelo
para a Justiça e a polícia agirem
para acabar com problemas no
transporte e na coleta de lixo.
A polícia disse que está agindo, e
acusou a Guarda Civil Metropolitana de não colaborar para evitar
depredações a ônibus registradas
desde segunda-feira -ontem
mais dois veículos foram destruídos. A guarda disse que a tarefa
não é de sua responsabilidade.
Na Justiça, o caso já envolveu
julgamento de que a greve de segunda e terça-feira, quando toda a
cidade foi afetada, foi abusiva,
mas o Ministério Público do Trabalho entende que o movimento
-agora localizado- não acabou
e pede nova decisão.
Na quarta, mais 100 mil pessoas
ficaram sem ônibus porque coletivos de empresas descredenciadas não puderam ser substituídos
-a prefeitura diz que o sindicato
impede a saída dos ônibus, destruindo aqueles que arriscam deixar as garagens. Ontem, segundo
a prefeitura, a tática prejudicou 71
mil usuários na zona leste.
Recado
Foi para usuários como esses
que Marta mandou seu recado.
"Segundo promotores, há indícios de conexão entre os dois sindicatos [de motoristas de ônibus e
de caminhões de lixo". Isso caracteriza crime organizado. A cidade
de São Paulo não pode tolerar esse
tipo de comportamento por parte
dos sindicatos", disse ela, cercada
por secretários, na primeira coletiva do tipo desde o início da greve
de motoristas, na segunda-feira.
A prefeitura não divulgou quais
seriam os indícios de conexão,
mas as duas entidades já tiveram
integrantes em comum. Elas, no
entanto, negam que suas ações tenham sido combinadas.
No caso dos caminhões do lixo,
a prefeitura não deverá ter problemas até a tarde de hoje, segundo
José Alves do Couto Toré, 50, diretor do sindicato dos motoristas
de caminhões de coleta.
Segundo o diretor, que é petista,
a categoria negocia o dissídio,
mas resolveu suspender protestos
que fez na madrugada por conta
de uma audiência de conciliação
marcada para hoje no TRT (Tribunal Regional do Trabalho).
Ele negou ontem ter ligação
com o sindicato dos motoristas de
ônibus, embora já tenha presidido a entidade e seja ligado ao atual
presidente, Edivaldo Santiago.
Toré também negou que o movimento seja político. Ele disse
que a prefeitura foi eleita alvo dos
protestos -também feitos em
aterros e estações de transbordo- porque integra as negociações entre empregados e patrões e
é a contratante do serviço.
Já o sindicato dos motoristas
nega ter envolvimento com ações
para impedir a circulação de ônibus, apesar de Santiago ter declarado na quarta-feira à Folha, em
conversa gravada, que adotaria a
estratégia.
Segundo ele, essa seria a arma
do sindicato até a prefeitura negociar o futuro de 10.800 trabalhadores que podem ser demitidos
de nove empresas descredenciadas na semana passada. O descredenciamento e o consequente risco de demissão foram os motivos
da paralisação.
"Agora é um caso de polícia e de
Justiça. A prefeitura está fazendo
a sua parte", disse o secretário Jilmar Tatto (Transporte).
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