São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 2006

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EDUCAÇÃO

Prefeitura propôs o pagamento de gratificação de R$ 350, em julho; categoria reivindica piso salarial de R$ 960

Impasse mantém greve de professores da rede municipal

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

De um lado, a gestão do prefeito Gilberto Kassab (PFL) afirma que não fará nova proposta para professores e funcionários. De outro, os educadores dizem que só acabam com a greve se tiverem reajuste salarial. Assim, a paralisação da rede de ensino chega ao 14º dia em um momento de impasse.
Professores e funcionários marcaram para amanhã uma manifestação em frente à Secretaria de Gestão, no centro de São Paulo. "Vai ser o maior ato do movimento. Isso porque esperamos uma nova proposta da prefeitura na quarta [amanhã]. Vamos pressionar", disse o presidente do Sinpeem (sindicato da categoria), Claudio Fonseca.
Na última sexta, a PM contabilizou a participação de 6.000 manifestantes em ato na avenida Paulista. "Só voltaremos ao trabalho com o reajuste", disse Fonseca.
A expectativa do sindicato, porém, será frustrada, afirma o secretário de Gestão, Januário Montone. "Já fizemos uma proposta, e eles a rejeitaram. Agora, esperamos o retorno dos professores às atividades. Não haverá nova proposta. A prefeitura tem limites financeiros." Montone disse que haveria uma reunião entre as partes amanhã caso a greve tivesse terminado. "Não há agenda."
A prefeitura propôs o pagamento, em julho, de R$ 350, referente à gratificação por desenvolvimento educacional. O valor previsto anteriormente era de R$ 165.
A categoria reivindica piso salarial de R$ 960. Hoje, um docente com ensino superior e jornada de 20 horas semanais ganha R$ 615. A prefeitura afirma, porém, que apenas 6,2% dos docentes ganham a menor faixa salarial da categoria, que vai até R$ 700.
Em meio a esse impasse, a prefeitura antecipou a coleta dos dados referentes à freqüência dos professores para descontar os dias parados dos grevistas ainda neste mês. Normalmente, o controle é fechado no dia 20, e o vencimento referente a esse período é pago no mês seguinte. "Isso é intimidação. Os professores, com isso, estão mais revoltados", afirmou o presidente do sindicato de professores e funcionários.
O anúncio do corte do ponto foi feito pela prefeitura na sexta passada. O Sinesp (sindicato que envolve os diretores de escola) recomendou a seus filiados que não entreguem os dados antes do período normal. Segundo o secretário de Gestão, a prefeitura decidiu cortar o ponto dos grevistas "simplesmente porque um serviço público não está sendo prestado".
Na avaliação do Sinpeem, 75% das escolas continuam com as atividades total ou parcialmente prejudicadas. Para a prefeitura, esse índice se mantém em 20%.
Hoje está prevista um ato do Sinesp em frente à Secretaria da Educação, na Vila Mariana.
A greve, que começou no dia 28 de março, é a mais longa desde 1987, quando a categoria ficou 17 dias parada.


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