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Polícia investiga as roupas da madrasta
Ontem, uma camiseta e um tênis de Anna Carolina Trotta Jatobá, 24, foram apreendidos na cela em que ela está, no 89º DP
Peças usadas no momento do socorro à menina só
chegaram à polícia na última terça, dez dias após
o assassinato de Isabella
DA REPORTAGEM LOCAL
Os policiais civis do 9º DP
(Carandiru) responsáveis pela
investigação do assassinato de
Isabella Nardoni, 5, ocorrido na
noite de 29 de março, demoraram dez dias para encontrar a
camiseta que a madrasta da
menina, Anna Carolina Trotta
Jatobá, 24, utilizava no momento em que Isabella foi socorrida após ser arremessada
pela janela do apartamento do
pai, Alexandre Nardoni, 29.
Segundo investigadores que
pediram anonimato, a demora
para achar a camiseta ocorreu
porque tanto Anna quanto
Nardoni estariam dificultando
o encontro das roupas.
Essa camiseta de Anna, além
da bermuda, da camiseta cinza
e dos chinelos usados por Nardoni ao socorrer a menina, segundo os policiais, só foram entregues terça-feira à Polícia Civil pelo advogado Antonio Nardoni, avô de Isabella. Ele não foi
localizado ontem.
Uma equipe do IC (Instituto
de Criminalística) trabalha para confirmar a presença de sangue nessa camiseta de Anna.
Mas a presença de sangue ou
não na peça não pode ser considerada uma prova contundente
contra ela, já que Anna confirmou à polícia que esteve perto
de Isabella quando ela foi encontrada caída no jardim do
edifício London, na Vila Isolina
Mazzei (zona norte de SP), onde ocorreu o crime. A menina
foi jogada do sexto andar.
Somente ontem, 12 dias após
o crime, a delegada-assistente
do 9º DP (Carandiru), Renata
Helena Pontes, conseguiu localizar outras roupas de Anna.
As peças apreendidas ontem,
uma camiseta preta e um par de
tênis (tipo sapatilha), estavam
com Anna na carceragem do
89º DP (Portal do Morumbi),
para onde ela foi levada depois
de se entregar, no dia 3.
A polícia só passou a procurar por essas duas últimas peças depois de assistir ao vídeo
do circuito de segurança do supermercado Sam's Club, em
Guarulhos (Grande São Paulo),
onde Isabella, a madrasta e os
dois irmãos mais novos estiveram horas antes do crime. Nas
imagens, Anna usa uma camiseta preta, mas o calçado que
aparece é uma sandália.
Assim como as peças de roupas entregues à polícia por Antonio Nardoni na terça, a camiseta preta e o par de tênis de
Anna achados ontem serão
submetidos a exames para saber se contêm ou não sangue.
A polícia diz acreditar que todas as peças foram lavadas, mas
isso, segundo investigadores e
peritos do IC (Instituto de Criminalística) que atuam no caso,
não impede que manchas de
sangue sejam detectadas.
Além da apreensão das peças
de roupas, a delegada Renata
Helena Pontes voltou a interrogar Anna por volta das 12h30 de
ontem. O depoimento, de 15
minutos e cujo conteúdo não
foi divulgado pela polícia, foi
acompanhado por dois dos advogados do casal.
Sem prestar informações
precisas sobre o andamento da
investigação sobre a morte de
Isabella, policiais do 9º DP afirmam que cerca de 40 pessoas já
foram ouvidas pela polícia.
Para o advogado Marco Polo
Levorin -um dos defensores
do casal preso-, porém, depoimentos importantes como o da
irmã de Nardoni, Cristiane, 20,
e do avô paterno de Isabella,
Antonio, já deveriam ter sido
tomados, mas isso não ocorreu.
Na noite de ontem, questionada sobre a apreensão das
roupas no 89º DP, a Secretaria
da Segurança Pública negou o
fato. Instantes depois, admitiu
a apreensão.
Bolo na carceragem
Ontem à tarde, a mãe de uma
das presas do 89º DP contou ter
visto Anna deitada em um colchão, chorando muito. "Teve
até um aniversário [de uma
presa]. Levaram bolo e refrigerante para ela, mas ela não
quis", disse a aposentada Ana
Teixeira, 71, na saída da visita.
"É só alguém [visita] chegar
perto [de Anna] que ela começa
a chorar." Anna não pôde receber visitas ontem -presas em
caráter temporário, como ela,
recebem visita hoje.
Ontem, o porteiro do prédio
de Nardoni, Valdomiro Veloso,
afirmou ao "Jornal da Globo"
que foi o primeiro a pedir para
um morador avisar a polícia
após Isabella cair -e não o pai
da menina.
(KLEBER TOMAZ, ANDRÉ CARAMANTE, LUÍS KAWAGUTI E RICARDO
SANGIOVANNI)
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