São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

Texto Anterior | Índice

INFÂNCIA

Grupo transmitia pela internet cenas de sexo com rapazes de 16 anos; sites americanos cobravam US$ 9 o minuto

Exploradores de menores agiam nos Jardins

JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil de São Paulo encontrou ontem em um apartamento nos Jardins (zona oeste de SP) um grupo que transmitia pela internet cenas ao vivo de sexo, inclusive de menores. As cenas podiam ser assistidas por internautas em dois sites americanos ao preço de US$ 9 o minuto.
A polícia chegou ao apartamento após a prisão do engenheiro Celso Nigro Enegrácia de Oliveira, na semana passada. Ele é acusado de tráfico de drogas.
Os policiais suspeitaram que a namorada dele, Kelli Renata dos Santos Alves, 26, também estava envolvida com o tráfico e conseguiram autorização para fazer uma busca no imóvel em que ela morava, na rua Bela Cintra.
No apartamento, a polícia encontrou armas, apetrechos para preparo de droga, fotos, disquetes, filmadoras e equipamentos para fazer a transmissão de cenas ao vivo pela internet.
Kelli, que foi presa em flagrante, estava no imóvel com os menores E.D.P.D.J., 16, e P.A. L.L., 16. Eles contaram à polícia que mantinham relações sexuais com Kelli e Oliveira em transmissões para os dois sites nos Estados Unidos. Pelo "trabalho", admitiram que ganhavam até R$ 200 por hora.
E., que é viciado em crack, disse ontem que fazia fotos, dançava e mantinha relações sexuais em imagens que eram transmitidas pela internet. "Mas só foi no ano passado. Neste ano não fiz nada."
O adolescente afirmou que as cenas que eles produziam eram acessadas por internautas de vários países do mundo. Nas transmissões, os internautas podiam fazer pedidos a eles, por meio de mensagens tecladas em seu computador.
Segundo P., um terceiro adolescente também participou das cenas. Todos moravam em São Paulo e "trabalhavam" na madrugada no apartamento de Kelli.
À polícia, Kelli admitiu usar os menores em cenas de sexo. "Já chegou [a ter cenas de sexo dos menores", mas não com nós. Só com os namoradinhos deles", disse Kelli a jornalistas.
Ela foi presa acusada de porte ilegal de armas, tráfico de drogas e de pedofilia. Em entrevista, Kelli disse que usou as imagens dos menores "porque eles permitiram". "Não sabia [que era ilegal", disse ela.
Segundo o delegado Manoel Adamuz Neto, do 4º DP, as transmissões eram feitas há pelo menos dois anos. A informação tem como base recibos encontrados no apartamento.
Os documentos mostram várias emissões de cheques de viagem em nome de Oliveira. As remessas eram feitas dos Estados Unidos pelos sites que transmitiam as cenas de sexo ao vivo.
Segundo a namorada de Oliveira, ela ganhava entre R$ 2.000 e R$ 3.000 por mês com as cenas que transmitia na internet.

Rede
Para o delegado Manoel Adamuz Neto, o caso pode envolver outros sites nos Estados Unidos, além dos dois que a polícia identificou ontem. "Começamos agora a investigação. Vamos acionar todo mundo, até o FBI [a polícia federal americana", se for o caso", disse ontem o delegado do 4º DP.
Segundo o delegado, o material apreendido no apartamento de Kelli será enviado a peritos.



Texto Anterior: Drogas: Policial preso no Rio já era investigado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.