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INFÂNCIA
Grupo transmitia pela internet cenas de sexo com rapazes de 16 anos; sites americanos cobravam US$ 9 o minuto
Exploradores de menores agiam nos Jardins
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil de São Paulo encontrou ontem em um apartamento nos Jardins (zona oeste de SP) um grupo que transmitia pela
internet cenas ao vivo de sexo, inclusive de menores. As cenas podiam ser assistidas por internautas em dois sites americanos ao
preço de US$ 9 o minuto.
A polícia chegou ao apartamento após a prisão do engenheiro
Celso Nigro Enegrácia de Oliveira, na semana passada. Ele é acusado de tráfico de drogas.
Os policiais suspeitaram que a
namorada dele, Kelli Renata dos
Santos Alves, 26, também estava
envolvida com o tráfico e conseguiram autorização para fazer
uma busca no imóvel em que ela
morava, na rua Bela Cintra.
No apartamento, a polícia encontrou armas, apetrechos para
preparo de droga, fotos, disquetes, filmadoras e equipamentos
para fazer a transmissão de cenas
ao vivo pela internet.
Kelli, que foi presa em flagrante,
estava no imóvel com os menores
E.D.P.D.J., 16, e P.A. L.L., 16. Eles
contaram à polícia que mantinham relações sexuais com Kelli e
Oliveira em transmissões para os
dois sites nos Estados Unidos. Pelo "trabalho", admitiram que ganhavam até R$ 200 por hora.
E., que é viciado em crack, disse
ontem que fazia fotos, dançava e
mantinha relações sexuais em
imagens que eram transmitidas
pela internet. "Mas só foi no ano
passado. Neste ano não fiz nada."
O adolescente afirmou que as
cenas que eles produziam eram
acessadas por internautas de vários países do mundo. Nas transmissões, os internautas podiam
fazer pedidos a eles, por meio de
mensagens tecladas em seu computador.
Segundo P., um terceiro adolescente também participou das cenas. Todos moravam em São Paulo e "trabalhavam" na madrugada
no apartamento de Kelli.
À polícia, Kelli admitiu usar os
menores em cenas de sexo. "Já
chegou [a ter cenas de sexo dos
menores", mas não com nós. Só
com os namoradinhos deles", disse Kelli a jornalistas.
Ela foi presa acusada de porte
ilegal de armas, tráfico de drogas e
de pedofilia. Em entrevista, Kelli
disse que usou as imagens dos
menores "porque eles permitiram". "Não sabia [que era ilegal",
disse ela.
Segundo o delegado Manoel
Adamuz Neto, do 4º DP, as transmissões eram feitas há pelo menos dois anos. A informação tem
como base recibos encontrados
no apartamento.
Os documentos mostram várias
emissões de cheques de viagem
em nome de Oliveira. As remessas
eram feitas dos Estados Unidos
pelos sites que transmitiam as cenas de sexo ao vivo.
Segundo a namorada de Oliveira, ela ganhava entre R$ 2.000 e R$
3.000 por mês com as cenas que
transmitia na internet.
Rede
Para o delegado Manoel Adamuz Neto, o caso pode envolver
outros sites nos Estados Unidos,
além dos dois que a polícia identificou ontem. "Começamos agora
a investigação. Vamos acionar todo mundo, até o FBI [a polícia federal americana", se for o caso",
disse ontem o delegado do 4º DP.
Segundo o delegado, o material
apreendido no apartamento de
Kelli será enviado a peritos.
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