São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

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Quadrilha é acusada de desviar R$ 300 mil por mês do Cristo

Esquema funcionava na bilheteria, onde funcionários são acusados de não contabilizar venda dos ingressos para carros e visitantes

Ibama decidiu proibir o acesso de carros ao caminho que leva ao alto do Corcovado; visitante terá de ir de trenzinho ou a pé


Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Agentes da Força Nacional no Cristo Redentor, onde a PF descobriu esquema de fraudes


SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Um esquema criminoso fraudou as bilheterias do Cristo Redentor em pelo menos R$ 300 mil por mês nos últimos dois anos -um rombo que atinge R$ 7, 2 milhões. A fraude foi revelada ontem no Rio pela PF (Polícia Federal) e pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Os 125 agentes da PF mobilizados para a Operação Iscariotes (referência ao apóstolo que traiu Jesus Cristo) prenderam 23 acusados -sete PMs do Batalhão Turístico, sete vigilantes de uma firma particular, sete bilheteiros terceirizados, o dono e um empregado de uma das mais conhecidas agências de turismo do Rio, a Jeep Tour.
O esquema era simples e antigo. Os bilheteiros, segundo a PF, não registravam a venda dos tíquetes para ingresso de carros e passageiros na estrada de acesso ao alto do Corcovado, onde fica a estátua do Cristo Redentor, uma das principais atrações turísticas do Rio.
Empregados da empresa Trade-Rio, contratada há dois anos pelo Ibama, os bilheteiros embolsavam o dinheiro pago pelos visitantes, dividindo-o com os PMs e os vigilantes de outra firma terceirizada, a Juiz de Fora Empresa de Vigilância.
Segundo o Ibama, que administra o Parque Nacional da Floresta da Tijuca, onde fica o Cristo, de cada 15 ingressos, só um era registrado. A fraude ocorria na passagem dos carros pela guarita. Cada veículo tem acesso livre após o pagamento de R$ 5, com mais R$ 5 por passageiro. O bilheteiro cobrava menos e não registrava a venda.
Segundo o delegado Alexandre Saraiva, o esquema da Jeep Tour era diferente, previamente acertado. Por exemplo: de cada dez turistas, só cinco pagavam. O dono da empresa, André Monerat, foi preso.
A investigação começou no ano passado porque o Ibama notou queda expressiva na arrecadação da bilheteria. De fevereiro a abril de 2005, foram arrecadados R$ 441.621. No mesmo período de 2006, caiu para R$ 264.293. A Trade-Rio não atuava nos meses de 2005.
Agora, o Ministério do Meio Ambiente proibiu a entrada de carros no Corcovado. Até domingo, o visitante só poderá ir a pé (caminhada de, no mínimo, uma hora, em estrada íngreme) ou de trenzinho (R$ 36 por pessoa, com saída da estação da rua das Laranjeiras, zona sul).
A partir de domingo, o superintendente regional do Ibama, Rogério Rocco, disse que serão providenciados veículos para levar os turistas ao Cristo.


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