São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2010

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PM reunirá oficiais para discutir caso do motoboy

"Lamentamos profundamente a morte, mas só lamentar não adianta", diz porta-voz

Família do rapaz morto nega que ele portasse revólver na noite do crime, como afirmaram em depoimento os policiais suspeitos

JULIANNA GRANJEIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DO "AGORA"


O porta-voz da PM de São Paulo, capitão Marcel Lacerda Soffner, afirmou ontem que haverá uma reunião, em breve, com todos os oficiais superiores da corporação para discutir o caso do motoboy Alexandre Menezes dos Santos, morto após ser abordado por policiais.
O caso já resultou na prisão de quatro policiais suspeitos e no afastamento de dois comandantes da área onde atuam.
"Nós lamentamos profundamente a morte do Alexandre, mas só lamentar não adianta", afirmou o porta-voz.
"Vamos fazer uma reunião com todos os oficiais superiores do Estado para discutir esses fatos."

Investigação
Soffner disse que foram abertos um inquérito policial militar e um processo administrativo disciplinar. O comando de policiamento da região sul é o responsável pela investigação.
"Eles [os policiais suspeitos] foram ouvidos pela autoridade policial militar, mas não tenho acesso ao que eles alegaram. A Justiça Militar é mais rígida, eles permanecem presos e não há possibilidade de fiança."
Sobre o afastamento do tenente-coronel Gerson Lima de Miranda, do 22º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, e do capitão Alexander Gomes Bento, da 3ª Companhia do 22º Batalhão, Soffner disse que a PM respeita a decisão da Secretaria de Segurança Pública. "Diante da gravidade, há necessidade de medidas enérgicas."

Arma
Segundo o capitão, uma arma foi apreendida pela Polícia Civil no dia do crime, mas ainda não é possível afirmar se ela era do motoboy. A família do rapaz afirma que ele não portava um revólver, como afirmaram os PMs em depoimento.
A mãe do motoboy, que presenciou o espancamento do filho, disse que durante a surra caíram a carteira e o celular do rapaz e que, se ele estivesse com uma arma, ela teria caído.
Ela diz ainda ter certeza de que a arma foi colocada pelos policiais junto ao corpo do filho quando ele foi levado pelos PMs ao Hospital Municipal do Jabaquara (zona sul de SP).
"Eu me sinto envergonhada, enganada. Sempre achei muito bonito ser policial. Hoje tenho vergonha de ver policiais tentando forjar uma arma para acusar meu filho", afirmou. "É muita tristeza."


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