São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2010

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Batatais espera tombamento de tela de Portinari ameaçada por cupins para fazer restauro

LEONARDO LÉLLIS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Um ano e quatro meses após ser detectada uma ameaça de cupins à tela "A Sagrada Família", de Candido Portinari, avaliada em US$ 4,5 milhões, a prefeitura de Batatais (352 km de São Paulo) ainda não sabe como custeará seu restauro.
Ela aguarda a captação de recursos e o tombamento das telas do artista expostas na Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus da Cana Verde para, então, iniciar os trabalhos.
Segundo o Condephaat (Conselho Estadual do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), porém, dos 23 quadros expostos na igreja, apenas os 14 da série "Via Sacra" são tombados e não há estudo de tombamento para os demais.
O secretário do Turismo de Batatais, Antônio Carlos Corrêa, diz que a prefeitura busca recursos federais, estaduais e privados para custear a restauração, estimada em R$ 300 mil, de todas as telas.
Mas o chefe de gabinete, José Paulo Fernandes, afirma que, mesmo captada a verba, a prefeitura somente poderá direcioná-la se as telas forem tombadas ou se a administração tiver a posse delas.
"O Tribunal de Contas não permite que o município faça um investimento em algo que não é dele", afirmou.
Segundo ele, as obras pertencem à igreja. Para o pároco da Igreja Matriz, Pedro Ricardo Bartolomeu, no entanto, elas são do povo de Batatais. "A igreja só guarda as telas."
Em janeiro do ano passado, foram constatados excrementos de cupins no canto inferior da tela, produzida em 1951. À época, o secretário Corrêa chegou a dizer que acreditava que em "no máximo 60 dias" a obra estaria em bom estado.
A empresa responsável pela desinsetização da igreja informou ter detectado neste ano cinco pontos de infestação de cupins. Três atingem obras de arte -uma de Portinari-, mas as telas não correm risco.
A restauradora Florence Maria White de Vera, cuja proposta para restauração foi escolhida, alerta para a demora no início dos trabalhos.
"Não pode deixar o estado de conservação deteriorar mais, porque com o passar do tempo vão aparecendo novas dificuldades", afirmou.
Ela disse aguardar a prefeitura conseguir a verba para iniciar o restauro, que será feito na própria igreja e poderá levar um ano.
O caso também está na mira do Ministério Público Estadual. O promotor Hilton Maurício de Araújo Filho não quis se pronunciar, pois, segundo ele, isso poderia atrapalhar um acordo que está sendo feito com a prefeitura.


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