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Batatais espera tombamento de tela de Portinari ameaçada por cupins para fazer restauro
LEONARDO LÉLLIS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Um ano e quatro meses após
ser detectada uma ameaça de
cupins à tela "A Sagrada Família", de Candido Portinari,
avaliada em US$ 4,5 milhões, a
prefeitura de Batatais (352 km
de São Paulo) ainda não sabe
como custeará seu restauro.
Ela aguarda a captação de
recursos e o tombamento das
telas do artista expostas na
Igreja Matriz do Senhor Bom
Jesus da Cana Verde para, então, iniciar os trabalhos.
Segundo o Condephaat
(Conselho Estadual do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), porém, dos 23 quadros expostos
na igreja, apenas os 14 da série
"Via Sacra" são tombados e
não há estudo de tombamento para os demais.
O secretário do Turismo de
Batatais, Antônio Carlos Corrêa, diz que a prefeitura busca
recursos federais, estaduais e
privados para custear a restauração, estimada em R$ 300
mil, de todas as telas.
Mas o chefe de gabinete, José Paulo Fernandes, afirma
que, mesmo captada a verba, a
prefeitura somente poderá direcioná-la se as telas forem
tombadas ou se a administração tiver a posse delas.
"O Tribunal de Contas não
permite que o município faça
um investimento em algo que
não é dele", afirmou.
Segundo ele, as obras pertencem à igreja. Para o pároco
da Igreja Matriz, Pedro Ricardo Bartolomeu, no entanto,
elas são do povo de Batatais.
"A igreja só guarda as telas."
Em janeiro do ano passado,
foram constatados excrementos de cupins no canto inferior
da tela, produzida em 1951. À
época, o secretário Corrêa
chegou a dizer que acreditava
que em "no máximo 60 dias" a
obra estaria em bom estado.
A empresa responsável pela
desinsetização da igreja informou ter detectado neste ano
cinco pontos de infestação de
cupins. Três atingem obras de
arte -uma de Portinari-,
mas as telas não correm risco.
A restauradora Florence
Maria White de Vera, cuja
proposta para restauração foi
escolhida, alerta para a demora no início dos trabalhos.
"Não pode deixar o estado
de conservação deteriorar
mais, porque com o passar do
tempo vão aparecendo novas
dificuldades", afirmou.
Ela disse aguardar a prefeitura conseguir a verba para
iniciar o restauro, que será feito na própria igreja e poderá
levar um ano.
O caso também está na mira
do Ministério Público Estadual. O promotor Hilton
Maurício de Araújo Filho não
quis se pronunciar, pois, segundo ele, isso poderia atrapalhar um acordo que está
sendo feito com a prefeitura.
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