JULIO ABRAMCZYK
COLUNISTA DA FOLHA

Uma consulta médica sempre parece terminar com um pedido de exames complementares. Em nosso meio, pesquisa de Marcelo F. Capilheira e Iná S. Santos, da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, mostra dados concretos sobre a freqüência com que estes testes são solicitados durante a consulta médica.
Os autores relatam na "Revista de Saúde Pública", editada pela Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), estudo com 3.100 adultos residentes na cidade de Pelotas que, em três meses, procuraram consulta médica. A solicitação de algum exame ocorreu em 55% das consultas.
Foi observado que, quanto maior a idade, o nível socioeconômico e o número de consultas realizadas, maior a proporção de consultas com solicitação de exames.

Espera
Em média, o período de espera entre o pedido do exame feito pelo médico e a realização da coleta de sangue para o exame foi de seis dias no setor particular e de 21 dias na rede pública.
A espera para a coleta, de acordo com os autores da pesquisa, pode ter indicado número excessivo de exames por solicitação ou teto financeiro insuficiente frente à demanda ou ambos.
De qualquer forma, a proporção de consultas que gerou a solicitação do exame complementar obedeceu às recomendações brasileiras. Dados nacionais do SUS (Sistema Único de Saúde) mostram que, no Brasil, em 52% a 76% das consultas são feitos pedidos de exames.
Capilheira e Santos destacam também que, apesar de úteis, na realização desses exames complementares podem estar alguns riscos, como a reação alérgica ao contraste em algumas radiografias, a ansiedade pela expectativa de um resultado ruim, o atraso no diagnóstico quando o próprio exame clínico seria suficiente e as conclusões equivocadas resultantes de resultados falso-positivos e falso-negativos.


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