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Reitora deve renunciar, diz Chico de Oliveira
DA REPORTAGEM LOCAL
O confronto entre PMs e alunos na USP foi causado por
uma crise estrutural que vem
se agravando e por inabilidade
da reitora Suely Vilela, afirma o
professor emérito da FFLCH
(Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas) Chico de
Oliveira. Oliveira, que é sociólogo, defende que a reitora renuncie ao cargo.
(FT)
FOLHA - Como o sr. analisa a situação na USP?
CHICO DE OLIVEIRA - O confronto
é sinal de decadência das instituições. Uma reitora que chama a polícia, que não sabe administrar conflito de interesses, é mau sinal.
A universidade é muito complexa, com uma reitora que
acha que solucionar os problemas é fácil.
Ela não sabe exatamente o
que é a Universidade de São
Paulo. Passou a vida num campus no interior [Ribeirão Preto]. Sem nenhum tom depreciativo, mas é um campus restrito. Isso seria relevado se
houvesse instituições mais capacitadas na USP.
Mas não há, é uma crise geral
de representatividade, o sindicato dos professores, por exemplo, é fraco. Não há com quem
negociar.
O que os funcionários e alunos estavam fazendo que justificaria a presença da polícia?
Era um conflito elementar, que
vai ocorrer permanentemente.
Se o único remédio é chamar
a polícia, já cria um destacamento especial dentro da USP.
O que estavam fazendo dois helicópteros da PM em cima da
Cidade Universitária [no dia do
confronto]? É uma grande decadência institucional.
FOLHA - Mas não há uma questão
legal? A reitora não tem de zelar pelo patrimônio?
OLIVEIRA - Isso é piada. O que
havia era grevista fazendo piquete. É um direito. Acho que a
reitora deveria renunciar. É a
segunda grande crise, num
mandato de quatro anos.
FOLHA - Como o sr. avalia o movimento grevista?
OLIVEIRA - É basicamente de
funcionários. Os professores
foram quase obrigados a entrar
depois dos atos da reitora [após
a entrada da polícia na Cidade
Universitária].
FOLHA - Como fica a imagem da
USP após o confronto?
OLIVEIRA - A universidade passa
uma imagem de desleixo, de
despreparo. O que não é verdade. A estatística mostra que
cresce o número de doutores
no país, por meio do trabalho
das universidades, inclusive a
USP.
Isso mesmo com a falta de
condições. A ciências sociais,
por exemplo, não tem um auditório decente. E é uma área que
vive da palavra.
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