São Paulo, quinta, 11 de junho de 1998

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SEXUALIDADE
Reunião de cristãos sobre propõe ajudar quem tem dúvidas sobre o tema
Encontro em Minas quer "curar" homossexuais

AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local

Mais de 150 pessoas estarão reunidas a partir de hoje em Viçosa, no sul de Minas Gerais, para "oferecer saídas" a homossexuais que desejam retornar ao heterossexualismo.
O 3º Encontro Cristão sobre Homossexualismo é promovido pela primeira vez no país pela Exodus Brasil, organização cristã com sede nos EUA que se dedica à "libertação do homossexualismo".
Os organizadores dizem que o encontro tem caráter informativo e é destinado a "pessoas que desejam compreender melhor o homossexualismo e as possibilidades de saídas oferecidas por Jesus Cristo". A reunião vem provocando protestos e denúncias por parte dos grupos homossexuais.
A ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis) encaminhou ao Conselho Federal de Psicologia um pedido de cassação dos profissionais que participam da reunião.
O encontro de Viçosa tem o apoio do CPPC (Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos), que tem cerca de 280 filiados no país.
A carta da ABGLT e do grupo Dignidade, de Curitiba, acusa de "charlatanismo" o fato de psicólogos e psiquiatras "alegarem ser possível a cura da homossexualidade". "Como se pode curar o que nem a própria Organização Mundial da Saúde considera doença?", pergunta Toni Reis, presidente do grupo Dignidade.
Integrantes do CPPC negam que esta seja a intenção da entidade. "O que propomos é ajudar pessoas que estejam em crise de identidade sexual", diz o psicólogo e sexólogo Guilherme Falcão, 45, do CPPC de Curitiba. "Não nos preocupamos com homossexuais assumidos e sim com aqueles que não querem mais ser homo e que estão angustiados com isso."
Falcão nega que os psicólogos utilizem alguma técnica de convencimento nesses encontros. "Sabemos que essa atitude é proibida pelo Conselho Federal de Psicologia."
Segundo Falcão, o CPPC reúne relato de pessoas de vários países que deixaram o homossexualismo e hoje vivem bem. "Como psicólogos, achamos que a crença de que não há saída para o homossexualismo é um fatalismo. Como cristãos, entendemos que o homossexualismo é um desvio da vontade do Criador", afirma.
O antropólogo Luiz Mott, presidente do Grupo Gay da Bahia, diz que vem reunindo relatos de pessoas que passaram pelas chamadas clínicas de cura. "Eles falam de torturas psicológicas e trabalhos braçais forçados", diz Mott.



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