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CRISE NA USP
Após receber estudantes e professores da FFLCH, governador telefonou para reitor em exercício da universidade
Alckmin intervém nas negociações da greve
RENATO ESSENFELDER
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), aceitou
interceder em favor da reabertura
das negociações entre os alunos
grevistas da FFLCH (Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), que estão parados há 72
dias, e a reitoria da USP.
O anúncio foi feito ontem, após
uma reunião de cerca de uma hora e meia de duração entre Alckmin e uma comissão de negociação composta por seis alunos da
FFLCH, uma professora, o vice-presidente da Adusp (Associação
dos Docentes da USP), o diretor
da faculdade e seu vice. O encontro foi no palácio do governo.
Os cerca de 12 mil alunos da faculdade reivindicam a contratação de 259 professores para diminuir a superlotação nas salas -algumas com mais de 200 alunos.
As negociações com a reitoria estão paradas desde 4 de julho,
quando os alunos rejeitaram a
oferta da reitoria de contratação
de 91 docentes, sendo 45 neste
ano e mais 46 até 2004.
Segundo a avaliação dos membros da comissão, a audiência de
ontem foi "um sucesso". "Foi
muito bom termos sido recebidos. O diálogo com a reitoria estava saturado", disse Antônio David, 23, graduando em filosofia.
De acordo com o estudante, os
grevistas esperam que, a partir de
agora, as negociações tornem-se
mais rápidas, o que evitaria a perda do semestre letivo.
Baltazar Sena, 19, estudante do
curso de ciências sociais, afirmou
que os alunos estão flexíveis e
aceitam negociar o número de
259 professores requisitados.
O vice-presidente da Adusp,
Osvaldo Coggiola, 50, também se
declarou "bastante satisfeito"
com o encontro, que deve "acelerar as negociações com a reitoria".
O diretor da FFLCH, Francis
Aubert, 55, disse que "professores
e alunos estão juntos" no movimento. Para ele, a USP tem dinheiro suficiente para contratar
os 259 docentes pedidos.
Enquanto a reunião acontecia a
portas fechadas no palácio, cerca
de cem manifestantes da FFLCH
fizeram um protesto pacífico em
frente à sede do governo. Eles
penduraram cartazes com dizeres
como "Governador, queremos
mais professores" nas grades. A
Polícia Militar não deixou os alunos ultrapassarem os portões,
nem houve conflito.
Telefonema
O reitor em exercício da USP,
Hélio Nogueira da Cruz, 53 (que
substitui o titular Adolpho José
Melfi, que está viajando), disse à
Folha que recebeu uma ligação do
governador logo após a reunião
com os grevistas.
Segundo o reitor em exercício,
Alckmin teria pedido que as negociações continuassem. Na mesma conversa, o governador também teria afirmado que o assunto
é interno da universidade e que
respeitaria a autonomia da USP.
Nogueira da Cruz disse que "jamais houve a idéia de que as negociações estariam encerradas".
Segundo ele, a reitoria não vê
nenhum impedimento para que a
comissão tripartite (dois representantes da reitoria, dois alunos
da FFLCH e dois professores) que
estudou soluções para o impasse
continue trabalhando, como querem os grevistas. A comissão encerrou os trabalhos na última semana, sem conseguir avanços para o fim da greve.
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