São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 2002

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CRISE NA USP

Após receber estudantes e professores da FFLCH, governador telefonou para reitor em exercício da universidade

Alckmin intervém nas negociações da greve

RENATO ESSENFELDER
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), aceitou interceder em favor da reabertura das negociações entre os alunos grevistas da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), que estão parados há 72 dias, e a reitoria da USP.
O anúncio foi feito ontem, após uma reunião de cerca de uma hora e meia de duração entre Alckmin e uma comissão de negociação composta por seis alunos da FFLCH, uma professora, o vice-presidente da Adusp (Associação dos Docentes da USP), o diretor da faculdade e seu vice. O encontro foi no palácio do governo.
Os cerca de 12 mil alunos da faculdade reivindicam a contratação de 259 professores para diminuir a superlotação nas salas -algumas com mais de 200 alunos. As negociações com a reitoria estão paradas desde 4 de julho, quando os alunos rejeitaram a oferta da reitoria de contratação de 91 docentes, sendo 45 neste ano e mais 46 até 2004.
Segundo a avaliação dos membros da comissão, a audiência de ontem foi "um sucesso". "Foi muito bom termos sido recebidos. O diálogo com a reitoria estava saturado", disse Antônio David, 23, graduando em filosofia.
De acordo com o estudante, os grevistas esperam que, a partir de agora, as negociações tornem-se mais rápidas, o que evitaria a perda do semestre letivo.
Baltazar Sena, 19, estudante do curso de ciências sociais, afirmou que os alunos estão flexíveis e aceitam negociar o número de 259 professores requisitados.
O vice-presidente da Adusp, Osvaldo Coggiola, 50, também se declarou "bastante satisfeito" com o encontro, que deve "acelerar as negociações com a reitoria".
O diretor da FFLCH, Francis Aubert, 55, disse que "professores e alunos estão juntos" no movimento. Para ele, a USP tem dinheiro suficiente para contratar os 259 docentes pedidos.
Enquanto a reunião acontecia a portas fechadas no palácio, cerca de cem manifestantes da FFLCH fizeram um protesto pacífico em frente à sede do governo. Eles penduraram cartazes com dizeres como "Governador, queremos mais professores" nas grades. A Polícia Militar não deixou os alunos ultrapassarem os portões, nem houve conflito.

Telefonema
O reitor em exercício da USP, Hélio Nogueira da Cruz, 53 (que substitui o titular Adolpho José Melfi, que está viajando), disse à Folha que recebeu uma ligação do governador logo após a reunião com os grevistas.
Segundo o reitor em exercício, Alckmin teria pedido que as negociações continuassem. Na mesma conversa, o governador também teria afirmado que o assunto é interno da universidade e que respeitaria a autonomia da USP.
Nogueira da Cruz disse que "jamais houve a idéia de que as negociações estariam encerradas".
Segundo ele, a reitoria não vê nenhum impedimento para que a comissão tripartite (dois representantes da reitoria, dois alunos da FFLCH e dois professores) que estudou soluções para o impasse continue trabalhando, como querem os grevistas. A comissão encerrou os trabalhos na última semana, sem conseguir avanços para o fim da greve.



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