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São Paulo, sexta-feira, 11 de julho de 2003

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"Não há medicina sem animal de pesquisa"

DA REPORTAGEM LOCAL

"Pode ser que no ano 2.200 exista medicina sem a necessidade de animais de pesquisa, mas isso não será verdade tão cedo."
O que diz Mauricio Rocha e Silva, chefe do Departamento de Cardiopneumologia da Faculdade de Medicina da USP e diretor do serviço de fisiologia aplicada do Instituto do Coração (Incor), pode parecer exagero, mas é opinião quase unânime entre pesquisadores ouvidos pela Folha.
Para eles, é preciso minimizar o uso de animais. A questão é como e quando fazer as experiências.
Para isso, é preciso confiar nas comissões de ética, que, mesmo não obrigatórias, existem em quase todas as organizações que fazem experimentação em bichos.
O rigor da instituição e a fiscalização da Cofipa (composta por ONGs, governo e centros de pesquisa) são garantias suficientes de que não haverá abuso, diz Hélio Neves, gerente de vigilância em saúde da prefeitura. "Com critérios éticos, no mundo inteiro se faz pesquisa com animais."
"Tenho certeza de que 99% dos brasileiros estão mais preocupados com a saúde do filho. E somos muito crus em biologia para dispensar os animais", diz Rocha e Silva, citando insulina, pesquisas de lesões no coração de crianças e testes de toxicidade em remédios como casos que exigem bichos.
A razão para a não-criação dos animais em biotério é mesmo o custo. "Nem nos EUA se usam cães de biotério. Os únicos países que os criam são a Alemanha e a Inglaterra porque lá os cães de rua saem mais caros que os de raça."
Animais de fora passam por quarentena no biotério da Unifesp, diz Marcos de Almeida, professor titular de bioética e membro da Comissão de Ética em Pesquisa da instituição, que avalia cerca de 1.400 projetos por ano.
O uso de bichos de biotério coloca questões éticas tão ou mais sérias que as envolvidas com o uso de animais de rua, diz. "Já questionei pesquisas por causa do número de bichos exigidos."
Cientistas e defensores de animais exageram, diz Carlos Müller, coordenador da área de experimentação animal da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). "Devemos buscar alternativas juntos. Em controle de vacinas, é impossível não usar animais." (MV)


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