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Pai se recusa a pagar fiança para o filho
Juraci denunciou seu filho de 21 anos, que foi preso por dirigir embriagado; pai espera que o rapaz reflita nesse período
A fiança de R$ 500, fixada
pelo delegado, tem prazo de
dez dias; após esse período,
a polícia pode alterar ou até
mesmo extinguir a caução
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
Um representante comercial
de Londrina (383 quilômetros
de Curitiba) decidiu não pagar
fiança de R$ 500 para libertar
seu filho de 21 anos, preso no
domingo por dirigir embriagado, após ser denunciado pelo
próprio pai.
Juraci Martins, 54, disse, em
entrevista à Folha, querer que
o filho aprenda com o erro. Na
tarde de domingo, o comerciário Rodolfo Martins, 21, pegou
a camionete Silverado do pai
sem autorização.
Avisado pela mulher, o pai
acionou a Polícia Militar, informando que o filho havia saído
com o carro sem permissão.
Antes mesmo de ser localizado
pela PM, o rapaz perdeu o controle da camionete, bateu em
outro carro e derrubou o portão de uma casa.
Caçula de uma família de
classe média, o comerciário foi
preso em flagrante por dirigir
embriagado e sem habilitação.
Juraci havia proibido Rodolfo
de dirigir, já que a carteira de
habilitação do filho estava cassada por infrações de trânsito.
O delegado Joaquim Melo
estipulou fiança de R$ 500 para liberar rapaz, mas o pai se recusou a pagar.
Rodolfo foi, então, transferido do presídio central de Londrina para uma delegacia, onde
deverá ficar preso até a conclusão do inquérito.
"Responsabilidade"
"Eu amo meu filho. Mas não
gosto de coisas erradas, e ele
havia sido avisado para não cometer erros. Não quero passar
a mão na cabeça dele por cada
coisa errada que faz. Desse jeito, ele nunca terá responsabilidade", afirmou o pai.
Rodolfo parou de estudar
após concluir o primeiro grau.
É o único dos três filhos de Juraci -são mais duas mulheres- que não está na faculdade.
"Ele é um bom menino, trabalhador, mas quando bebe e se
droga ocorre isso."
A fiança fixada pelo delegado
tem prazo de dez dias -após esse período, a polícia pode alterar ou até extinguir a caução.
Juraci afirmou esperar que o filho reflita sobre suas ações nesse intervalo. A polícia tem 30
dias para concluir o inquérito.
Apoio à decisão
A promotora da Infância e da
Adolescência de Londrina, Edina de Paula, apoiou a decisão do
representante comercial.
"Se todo pai tivesse esse tipo
de atitude, não teríamos toda
essa violência gratuita da juventude", disse a promotora.
De acordo com ela, há uma
inversão de valores hoje na sociedade, com pais não impondo
limites aos filhos.
"Hoje, por trabalharem fora,
os pais assumem uma postura
de culpa perante os filhos e esquecem que é preciso estipular
limites. A atitude desse pai deve ter sido difícil, mas mostrou
que ele se preocupa com o futuro do filho", completou Edina.
Crítica
O mestre em educação Edmilson Lenardão, professor da
UEL (Universidade Estadual
de Londrina) e integrante do
Conselho de Educação do Paraná, disse ver problemas na reação do pai.
"Ele transferiu para terceiros
-no caso, a polícia- um rigor
que deveria ser dele. Os pais
precisam educar os filhos, não
transferir essa obrigação", afirmou Lenardão.
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