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Chefe do Deic deixa empresa de segurança
Youssef Abou Chahin vendeu, no último dia 3, os 25% que tinha na Oregon Consultoria e Assessoria em Segurança
O irmão do policial, também delegado da Polícia Civil de SP e lotado em gabinete de deputado, continuará a ser um dos sócios da firma
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado Youssef Abou
Chahin, diretor do Deic (Departamento de Investigações
Sobre o Crime Organizado),
deixou de ser sócio do Grupo
Oregon, empresa que oferece
serviços de segurança privada.
No último dia 3, ele vendeu a
sua cota de 25% da empresa, da
qual era sócio desde 1993.
A negociação ocorreu seis
dias após a Folha revelar que
Youssef, um dos principais
chefes da Polícia Civil de São
Paulo, era sócio da empresa
que negocia, entre outros "produtos": cuidar de casos de seqüestros; serviços de "investigação empresarial", onde realiza "contra-espionagem industrial" e "detectar possíveis violações na privacidade das comunicações", ou seja, "a varredura em linha telefônica".
Como chefe do Deic, cargo
para o qual foi nomeado pelo
governo de José Serra (PSDB)
em janeiro deste ano, Youssef
tem como uma de suas principais atribuições liderar delegados e investigadores da DAS
(Divisão Anti-Seqüestro). No
início desta semana, o delegado
entrou em férias do Deic.
Com a saída de Youssef da
Oregon, o seu irmão, Wladimir
Abou Chahin, também delegado, um tio deles, Edgar Salim, e
Elie Georges El Barrak ficaram
com 100% das cotas.
Salim disse que a alteração
contratual foi registrada na
Junta Comercial no último dia
3 e que não pode revelar o valor
da transação, que será paga ao
chefe do Deic em até três anos.
Ainda segundo Salim, que se
apresenta como único administrador da Oregon, tanto o
delegado Youssef quanto Wladimir nunca desenvolveram
atividades à frente da empresa.
Mas, na semana passada, a
reportagem ligou para o escritório da Oregon em Moema
(zona sul de São Paulo) e uma
funcionária disse que Wladimir estava no showroom da
empresa, na avenida dos Bandeirantes, no mesmo bairro.
No dia 27 de junho, o chefe
do Deic foi fotografado ao chegar à Oregon. E, segundo funcionários, ele passava na empresa todas as manhãs.
Atualmente, o delegado Wladimir está afastado da polícia e
é funcionário do gabinete do
deputado federal Carlos Sampaio (PSDB) em Brasília, onde,
segundo o parlamentar, recebe
cerca de R$ 400 por mês "para
auxiliá-lo em suas atuações em
comissões de investigações".
Assim que a sociedade de
Youssef na Oregon se tornou
pública, o delegado-geral da
Polícia Civil, Mário Jordão Toledo Leme, e o governador José
Serra o defenderam publicamente. Leme afirmou que a Lei
Orgânica da Polícia Civil "não
veda a participação do funcionário público como cotista em
empresas privadas".
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