São Paulo, quarta-feira, 11 de julho de 2007

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Chefe do Deic deixa empresa de segurança

Youssef Abou Chahin vendeu, no último dia 3, os 25% que tinha na Oregon Consultoria e Assessoria em Segurança

O irmão do policial, também delegado da Polícia Civil de SP e lotado em gabinete de deputado, continuará a ser um dos sócios da firma

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O delegado Youssef Abou Chahin, diretor do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado), deixou de ser sócio do Grupo Oregon, empresa que oferece serviços de segurança privada. No último dia 3, ele vendeu a sua cota de 25% da empresa, da qual era sócio desde 1993.
A negociação ocorreu seis dias após a Folha revelar que Youssef, um dos principais chefes da Polícia Civil de São Paulo, era sócio da empresa que negocia, entre outros "produtos": cuidar de casos de seqüestros; serviços de "investigação empresarial", onde realiza "contra-espionagem industrial" e "detectar possíveis violações na privacidade das comunicações", ou seja, "a varredura em linha telefônica".
Como chefe do Deic, cargo para o qual foi nomeado pelo governo de José Serra (PSDB) em janeiro deste ano, Youssef tem como uma de suas principais atribuições liderar delegados e investigadores da DAS (Divisão Anti-Seqüestro). No início desta semana, o delegado entrou em férias do Deic.
Com a saída de Youssef da Oregon, o seu irmão, Wladimir Abou Chahin, também delegado, um tio deles, Edgar Salim, e Elie Georges El Barrak ficaram com 100% das cotas.
Salim disse que a alteração contratual foi registrada na Junta Comercial no último dia 3 e que não pode revelar o valor da transação, que será paga ao chefe do Deic em até três anos.
Ainda segundo Salim, que se apresenta como único administrador da Oregon, tanto o delegado Youssef quanto Wladimir nunca desenvolveram atividades à frente da empresa.
Mas, na semana passada, a reportagem ligou para o escritório da Oregon em Moema (zona sul de São Paulo) e uma funcionária disse que Wladimir estava no showroom da empresa, na avenida dos Bandeirantes, no mesmo bairro.
No dia 27 de junho, o chefe do Deic foi fotografado ao chegar à Oregon. E, segundo funcionários, ele passava na empresa todas as manhãs.
Atualmente, o delegado Wladimir está afastado da polícia e é funcionário do gabinete do deputado federal Carlos Sampaio (PSDB) em Brasília, onde, segundo o parlamentar, recebe cerca de R$ 400 por mês "para auxiliá-lo em suas atuações em comissões de investigações".
Assim que a sociedade de Youssef na Oregon se tornou pública, o delegado-geral da Polícia Civil, Mário Jordão Toledo Leme, e o governador José Serra o defenderam publicamente. Leme afirmou que a Lei Orgânica da Polícia Civil "não veda a participação do funcionário público como cotista em empresas privadas".


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