São Paulo, sábado, 11 de julho de 1998

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VIOLÊNCIA
Maior parte do dinheiro passa por atividades paralelas, financiando outros crimes, como sequestros e roubos
Tráfico movimenta mais de US$ 400 bi

ANDRÉ LOZANO
enviado especial a Porto Alegre

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre

O tráfico de drogas movimenta entre US$ 400 bilhões e US$ 500 bilhões no mundo, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas). Dessa cifra, US$ 200 bilhões, no máximo, circulam no setor financeiro.
O restante do dinheiro transita na economia paralela, sustentando atividades criminosas, como sequestro, roubo de cargas etc. O tráfico costuma trocar droga pelos bens roubados por quadrilhas.
A ONU acredita que a lavagem de dinheiro ameaça a estabilidade dos sistemas financeiros e pode afetar a governabilidade de alguns países.
As informações foram dadas pelo chefe de Operações do Programa das Nações Unidas para o Controle Internacional de Drogas, Giovanni Quaglia.
Ele participou do 1º Congresso Mercosul para Prevenção de Drogas no Trabalho e na Família, encerrado ontem em Porto Alegre.
Da população mundial, estimada em 6 bilhões de pessoas, 4% consomem drogas ilícitas, como maconha (140 milhões de usuários), anfetaminas (30 milhões), cocaína (13 milhões), heroína e ópio (8 milhões).
O consumo que mais cresce é o de anfetaminas, drogas sintéticas que têm como um exemplo o ecstasy. Elas são de difícil combate porque podem ser produzidas em laboratórios caseiros.
O modelo de prevenção ao uso de droga adotado por 40 empresas do Rio Grande do Sul, de forma pioneira no Brasil, passará a ser implantado por outros 11 Estados e pelos países do Mercosul, que tiveram representantes no congresso realizado nesta semana.
A experiência gaúcha demonstra que a prevenção diminui os custos das empresas e aumenta a produtividade. Uma empresa reduziu o gasto mensal com remédios de US$ 5.000 para US$ 500. "A prevenção é um bom negócio", disse Quaglia, da ONU.
O programa de controle de drogas da ONU teve México, Namíbia, Sri Lanka, Egito e Polônia como países precursores.
Os organizadores do congresso do Mercosul disseram que o evento obteve sucesso no seu propósito de motivar autoridades e empresas para a implantação de programas globais de prevenção.
Representantes dos governos do Uruguai, Paraguai e Bolívia e da Fundação Manantiales, da Argentina, assinaram documento reafirmando a intenção de participar de ações de combate às drogas.
A OIT (Organização Internacional do Trabalho), que participou do congresso, disse que as perdas econômicas devido ao uso de álcool e drogas por trabalhadores justificam a adoção dos programas de prevenção.



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