São Paulo, sábado, 11 de agosto de 2001

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PERUEIROS

Só 11% das lotações regularizadas se enquadram nas exigências da nova licitação da Prefeitura de São Paulo

32% terão que comprar microônibus

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dos 5.821 motoristas de lotação autorizados a circular hoje na cidade de São Paulo, 1.892 (32%) terão que comprar veículos novos e só 618 (11%) já estão de acordo com as regras da licitação do governo Marta Suplicy (PT), que vai selecionar perueiros para operar na capital paulista a partir de 2002. A situação de 3.311 (57%) permanece indefinida.
O projeto que está sendo preparado pela prefeitura prevê a substituição das peruas e vans por microônibus e miniônibus. O veto aos modelos antigos não vai ocorrer diretamente na concorrência, mas os perueiros receberão um prazo, provavelmente de seis meses, para as mudanças.
A maioria das lotações regularizadas atualmente havia sido selecionada pelo ex-prefeito Celso Pitta (PTN), em uma licitação que aceitava modelos do tipo Kombi, Besta e Topic. A partir de 2002, esses veículos, que representam um terço do total, não serão habilitados ao transporte de passageiros.
A incerteza se mantém em relação aos veículos Sprinter, Ducato e Iveco, que atendem apenas a parte das exigências de conforto e segurança pretendidas pela administração petista. Alguns possuem corredores internos, bancos individuais e tetos que possibilitam a circulação dos passageiros em pé, mas, nos casos de incêndio, os motoristas não têm como abrir a porta automaticamente, cabendo a função a quem estiver sentado nas proximidades.
As alterações propostas pelo governo Marta enfrentam a resistência da categoria. "Para fazer uma exigência dessas, eles devem achar que estão em outro mundo", afirma Francisco de Mola Neto, perueiro da Cooperpeople.
"O governo passado fez a gente comprar as peruas e vans novas. Agora querem um outro modelo. Mas as prestações antigas ainda não acabaram", diz Luís Carlos Pandora, presidente da Cooperpan. "A Kombi tudo bem, está ultrapassada. Mas as vans já são adequadas. Não pode radicalizar e querer jogar tudo fora", afirma Guilherme Correa Filho, perueiro líder da Transcooper.
As principais reações, porém, devem partir dos atuais clandestinos, que concentram mais modelos antigos e aguardam uma oportunidade de entrar no sistema. Um grupo está acampado em frente à prefeitura desde quarta-feira, querendo ser atendido por Marta.

Expansão
Apenas os microônibus necessários para substituir os atuais veículos Kombi, Besta e Topic já representam 60% da produção do país no ano passado, segundo dados da Fabus (Associação Nacional dos Fabricantes de Carroçarias para Ônibus).
A implantação dos microônibus no transporte urbano se expandiu no país nos últimos três anos. Levantamento feito pela NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) no segundo semestre de 2000 mostrou que pelo menos 17 municípios com mais de 300 mil habitantes já tinham esses modelos.
Os microônibus são usados não só como alternativa diferenciada, oferecendo mais conforto e preços mais altos, mas também para alimentar de passageiros a rede estrutural de transporte, com percursos e preços reduzidos.
A produção nacional de microônibus explodiu em razão dessas mudanças. Em 1995, foram 569 veículos. Em 1999, a quantidade subiu para 1.195. Em 2000, foram 3.140, crescimento de 163% em relação ao ano anterior.



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