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PERUEIROS
Só 11% das lotações regularizadas se enquadram nas exigências da nova licitação da Prefeitura de São Paulo
32% terão que comprar microônibus
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Dos 5.821 motoristas de lotação
autorizados a circular hoje na cidade de São Paulo, 1.892 (32%) terão que comprar veículos novos e
só 618 (11%) já estão de acordo
com as regras da licitação do governo Marta Suplicy (PT), que vai
selecionar perueiros para operar
na capital paulista a partir de
2002. A situação de 3.311 (57%)
permanece indefinida.
O projeto que está sendo preparado pela prefeitura prevê a substituição das peruas e vans por microônibus e miniônibus. O veto
aos modelos antigos não vai ocorrer diretamente na concorrência,
mas os perueiros receberão um
prazo, provavelmente de seis meses, para as mudanças.
A maioria das lotações regularizadas atualmente havia sido selecionada pelo ex-prefeito Celso
Pitta (PTN), em uma licitação que
aceitava modelos do tipo Kombi,
Besta e Topic. A partir de 2002, esses veículos, que representam um
terço do total, não serão habilitados ao transporte de passageiros.
A incerteza se mantém em relação aos veículos Sprinter, Ducato
e Iveco, que atendem apenas a
parte das exigências de conforto e
segurança pretendidas pela administração petista. Alguns possuem corredores internos, bancos
individuais e tetos que possibilitam a circulação dos passageiros
em pé, mas, nos casos de incêndio, os motoristas não têm como
abrir a porta automaticamente,
cabendo a função a quem estiver
sentado nas proximidades.
As alterações propostas pelo governo Marta enfrentam a resistência da categoria. "Para fazer
uma exigência dessas, eles devem
achar que estão em outro mundo", afirma Francisco de Mola
Neto, perueiro da Cooperpeople.
"O governo passado fez a gente
comprar as peruas e vans novas.
Agora querem um outro modelo.
Mas as prestações antigas ainda
não acabaram", diz Luís Carlos
Pandora, presidente da Cooperpan. "A Kombi tudo bem, está ultrapassada. Mas as vans já são
adequadas. Não pode radicalizar
e querer jogar tudo fora", afirma
Guilherme Correa Filho, perueiro
líder da Transcooper.
As principais reações, porém,
devem partir dos atuais clandestinos, que concentram mais modelos antigos e aguardam uma
oportunidade de entrar no sistema. Um grupo está acampado em
frente à prefeitura desde quarta-feira, querendo ser atendido por
Marta.
Expansão
Apenas os microônibus necessários para substituir os atuais
veículos Kombi, Besta e Topic já
representam 60% da produção do
país no ano passado, segundo dados da Fabus (Associação Nacional dos Fabricantes de Carroçarias para Ônibus).
A implantação dos microônibus no transporte urbano se expandiu no país nos últimos três
anos. Levantamento feito pela
NTU (Associação Nacional das
Empresas de Transportes Urbanos) no segundo semestre de 2000
mostrou que pelo menos 17 municípios com mais de 300 mil habitantes já tinham esses modelos.
Os microônibus são usados não
só como alternativa diferenciada,
oferecendo mais conforto e preços mais altos, mas também para
alimentar de passageiros a rede
estrutural de transporte, com percursos e preços reduzidos.
A produção nacional de microônibus explodiu em razão dessas mudanças. Em 1995, foram
569 veículos. Em 1999, a quantidade subiu para 1.195. Em 2000,
foram 3.140, crescimento de 163%
em relação ao ano anterior.
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