São Paulo, domingo, 11 de agosto de 2002

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ENTREVISTA

HC-USP estuda benefícios dos fitohormônios

DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos quatro estudos clínicos com fitohormônios (hormônios extraídos de plantas) estão sendo iniciados pelos serviços de ginecologia e de gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Todos vêm testando as isoflavonas, um hormônio presente na soja.
O objetivo é avaliar os benefícios desses hormônios naturais em mulheres na menopausa, o que pode significar uma alternativa para a TRH, a terapia de reposição hormonal sintética.
Os pesquisadores vêm empregando produtos já presentes no mercado, que se diferenciam nas suas formulações, composições e formas de extração. Quase todos são concentrados de soja em forma de cápsula.
Um deles, desenvolvido por pesquisadores da Escola Superior de Agricultura de Piracicaba (Esalq-USP), se diferencia por ser ingerido em forma de alimento e por empregar um método que permite uma melhor extração do isolado protéico da soja, conservando suas proteínas.
De acordo com a literatura internacional, os fitoestrógenos associados às proteínas da soja combatem melhor os sintomas da menopausa.
O isolado protéico da soja desenvolvido pela Esalq-USP teve a parceria da Fugesp, Fundação para o Estudo da Nutrição e da Gastroenterologia de São Paulo.
As pesquisas do HC, todas com protocolos aprovados pelas comissões de ética da Faculdade de Medicina, têm duração média de quatro meses. Ao final, se conhecerá os níveis de benefício dos fitohormônios e qual dos produtos testados tem melhor indicação.
"Se os resultados forem positivos, as mulheres na menopausa terão uma alternativa segura para a TRH", diz a professora Angela Maggio da Fonseca, livre-docente em ginecologia do HC, que participa da pesquisa.

Folha - Como será o estudo com esse isolado protéico da soja?
Angela Maggio da Fonseca
- O estudo visa verificar, por meio de avaliação nutricional, clínica e ginecológica, utilizando questionário apropriado, exames físicos e laboratoriais, a ação dos fitoestrógenos na prevenção ou redução dos sintomas indesejáveis presentes no climatério. Todas as mulheres participantes serão submetidas aos exames rotineiros de ginecologia, incluindo dosagem hormonal, estradiol, colesterol e triglicérides. O tempo de observação será de 120 dias.
Pelos estudos anteriores, já se sabe que as isoflavonas melhoram sintomas da menopausa como ondas de calor e irritabilidade. Quanto à relação entre as isoflavonas e outros riscos da menopausa, como câncer e osteoporose, serão necessários estudos mais prolongados.

Folha - Como a senhora vê a TRH?
Angela
- É uma excelente opção para muitas mulheres no climatério, desde que as mesmas sejam individualizadas. Umas se beneficiarão com a TRH clássica, outras com os fitohormônios, o importante é que cada mulher seja vista de forma individual.



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