São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2004

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ARRASTÃO

Quadrilha de engravatados fez reféns no Leblon

Empresário alemão passa mal e morre durante assalto a prédio

JOÃO PEQUENO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um assalto feito por dez homens em prédio no Leblon, área nobre da zona sul do Rio, terminou com a morte do empresário alemão aposentado Siegfried Otton Schon, 63, que sofreu um infarto durante o roubo.
Por duas horas na manhã de ontem, um grupo de cerca de dez homens, todos de terno e gravata, roubou seis dos sete apartamentos do edifício da avenida Borges de Medeiros, em frente à praia.
Foram roubados um cofre com cerca de R$ 9.000, jóias, um carro, bens e mais dinheiro em volume que não ainda havia sido contabilizado pelos moradores.
Dez pessoas foram mantidas reféns, seis delas na garagem e outras quatro nos apartamentos. O principal suspeito de liderar o bando é Oberdan Ferreira de Souza, 25, o Churrasquinho, que foi reconhecido por duas vítimas.

Engravatados
O assalto começou às 9h, quando um homem chegou ao prédio com uma caixa nas mãos. Disse que faria uma entrega a Guilhermina Maria Vieira Walter, mulher do empresário alemão.
O porteiro José Mário da Silva, 37, permitiu sua entrada e logo foi rendido e amarrado. "Ele já chegou dizendo o nome e o apartamento da dona Guilhermina", afirmou o porteiro, que trabalha há oito anos no prédio e nunca havia presenciado assaltos ali.
Após render o porteiro, o assaltante fez uma ligação. Em seguida, chegaram ao prédio dois carros prateados, um Golf e um Corolla. Parte dos assaltantes rendia os moradores e empregados que chegavam, amarrando-os uns aos outros na garagem, no momento em que os demais subiam e roubavam os apartamentos. "Eles estavam todos vestidos de doutor. Até pareciam cidadãos", disse o faxineiro Adailton Brito.
Morando havia mais de 20 anos no Brasil, Siegfried Otto Schon, trabalhava com transporte marítimo de cargas antes de se aposentar e era diabético. Enquanto os assaltantes reviravam seu apartamento, Schon passou mal. Sua mulher pediu permissão para lhe dar insulina, mas ele morreu antes que pudesse ser medicado.
Além do aposentado e da mulher, estavam no apartamento a neta recém-nascida, a filha dele, seu ex-genro, de quem a quadrilha levou o carro Citröen Xsara.
Entre os moradores estão o presidente do Fluminense, David Fischel, que segundo o porteiro, teria sido rendido no elevador, e o cônsul da Itália, Massimo Sassi, que não estava no prédio. A quadrilha saiu por volta das 11h.


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