São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2005

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RETÓRICA LEGAL

Com palestras e um livreto, ação pretende abolir o uso de termos herméticos e manter o conteúdo técnico

Juízes fazem campanha contra "juridiquês"

DA SUCURSAL DO RIO

A Associação dos Magistrados Brasileiros inicia hoje, no Rio, uma ação contra um réu chamado "juridiquês". Com uma palestra do professor Pasquale Cipro Neto, colunista da Folha, a AMB lança na Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas, às 11h, a Campanha pela Simplificação da Linguagem Jurídica.
A idéia é trocar as "peças exordiais", "cártulas chéquicas" e expressões em latim por palavras mais simples, compreensíveis para qualquer pessoa.
"O foco não é trocar termos técnicos como peculato e prevaricação por populares. O aspecto é limpar o texto daqueles termos que advogados e juristas gostam tanto de usar, como "eivado'", explica o professor Pasquale.
"Parte da linguagem técnica da Justiça não pode ser substituída, mas muitos termos devem ser trocados por outros mais simples. A linguagem hermética é um dos fatores de distanciamento entre a população e o Judiciário", afirma o presidente da AMB, Rodrigo Collaço.
Ele diz ter feito essa constatação há dois anos, quando a AMB encomendou ao Ibope uma pesquisa de opinião pública sobre o Judiciário. Incompreensão dos termos e desconhecimento da estrutura foram as principais queixas.
Após consultas a juízes, advogados e faculdades de direito, foi criada essa campanha, que começa com as palestras do professor Pasquale. Ele também falará na PUC-SP (28/8), na UniCeub (31/ 8) e na UnB (1/9), ambas de Brasília, e na PUC-PR (29/9).
Universitários poderão participar de um concurso que premiará com R$ 6.000 a melhor sugestão para a simplificação da linguagem jurídica. Um concurso semelhante será feito entre magistrados, tendo como prêmio um notebook (computador portátil).
Outro passo da campanha é a edição de um livreto com um glossário das expressões jurídicas e explicações sobre o funcionamento da Justiça brasileira.
"Há equívocos comuns na imprensa, como o de chamar a decisão de um juiz de parecer. Queremos mostrar, com uma linguagem simples, como funciona o Judiciário", diz o juiz de direito Gervásio Protásio dos Santos Júnior, que está trabalhando na edição do livreto, ainda sem título.


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