São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2010 |
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Obra moderna em prédio histórico abre polêmica e vai parar na Justiça Reforma da Casa das Retortas, no centro de SP, prevê a instalação de três novas construções Para a Promotoria, obra moderna descaracteriza patrimônio histórico; contraste valorizará a região, diz secretário
LETICIA DE CASTRO DE SÃO PAULO A Casa das Retortas, prédio histórico no centro de SP que abrigou uma usina de gás de carvão usada na iluminação da cidade, está no centro de polêmica envolvendo urbanistas, a Promotoria e a Secretaria de Estado da Cultura. Construir prédios de arquitetura contemporânea no complexo histórico pode descaracterizar o patrimônio? Para o Ministério Público e entidades como o movimento Defenda São Paulo, sim. Eles movem uma ação contra o governo para impedir a reforma da Casa das Retortas, que abrigará o Museu da História de São Paulo. O projeto, do arquiteto Pedro Mendes da Rocha, prevê três novas construções dentro do complexo: uma marquise ao lado do galpão principal para recepção do público, um prédio administrativo de cinco andares em formato curvo (Spdoc) e uma passarela ligando o prédio principal à nova construção. Enquanto o galpão das retortas é de tijolo aparente, a marquise será uma chapa metálica pintada de branco. "É um edifício neutro. É impossível modificar o uso do espaço sem acrescentar novos elementos", diz Rocha. Não é o que pensa o promotor Washington Luis de Assis, autor da ação: "Os novos elementos descaracterizam o patrimônio histórico". Ele entrou com pedido de liminar na Justiça para barrar a obra, cujo custo é de R$ 61 milhões e que deveria ter sido concluída no início do ano. A liminar foi negada, e o recurso aguarda julgamento. Como o conjunto é tombado pelo Conpresp (conselho municipal do patrimônio) e pelo Condephaat (conselho estadual), o projeto foi submetido à aprovação dos dois órgãos e liberado, com diretrizes, após muita polêmica. "Os novos edifícios são inadequados e competem com o bem tombado", afirma o conselheiro do Conpresp Vasco de Mello, que votou contra o projeto. "É desejável o diálogo entre o antigo e o contemporâneo. Neste caso, o patrimônio é respeitado", defende o conselheiro do Condephaat Carlos Faggin, que votou a favor. Para o secretário de Estado da Cultura, Andrea Matarazzo, o contraste entre moderno e antigo valoriza o patrimônio. "Os novos prédios têm estilo contemporâneo e arrojado para se diferenciar e valorizar o patrimônio", diz. ALTURA Um dos pontos mais polêmicos é a altura do novo edifício administrativo, cujas fachadas serão envidraçadas. São 25 metros, contra 15 do galpão principal. "Isso prejudica a visibilidade dos prédios históricos", diz Lucila Lacreta, diretora do movimento Defenda São Paulo. Além das discussões técnicas, o processo de elaboração do projeto também foi criticado. O governo contratou dois escritórios: um para cuidar do restauro, outro para o projeto arquitetônico. Diante da divergência de opiniões, o arquiteto Paulo Bastos, responsável pelo restauro, deixou o projeto. O museu deve ser aberto em setembro de 2011. Colaborou ALENCAR IZIDORO , de São Paulo
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