São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2001

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AIDS 1

Jovens que foram ou ainda são dependentes falam sobre prevenção ao vírus HIV

Droga injetável é tema de debate

AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ

Ciganos marginalizados da periferia de Sofia, na Bulgária; imigrantes vietnamitas e cambojanos moradores de Sidney, na Austrállia; indianos da região de Madras, na Índia; jovens do Vale do Itajaí, em Santa Catarina.
Em comum, todos eles têm menos de 25 anos, são usuários de drogas injetáveis -cocaína e heroína- e estão ameaçados pelo HIV ou já foram contaminados pelo vírus. O drama e as perspectivas desses jovens vêm sendo tema de um encontro inédito sobre prevenção ao uso de drogas injetáveis, que termina hoje em Cuiabá (MT). O debate faz parte do Quarto Congresso Brasileiro de Prevenção às DSTs e Aids, que vai até a próxima quinta-feira.
O encontro de jovens que trabalham com prevenção às drogas injetáveis tem o apoio do Ministério da Saúde e é parte de um projeto do Programa das Nações Unidas para o Controle Internacional de Drogas (UNDCP). "A intenção é aprender com os jovens as melhores formas de lidar com a questão das drogas e passar essa experiência a outros formadores de opinião", disse Stefano Berterame, da UNDCP.
Jovens da Romênia, Bulgária, Iugoslávia, Índia, Austrália, Canadá e Argentina, além de brasileiros de sete cidades onde é alto o uso de drogas injetáveis, participam do evento. Todos trabalham em programas de prevenção, e a maioria já foi ou é dependente.
Segundo Vera Da Ros, assessora técnica da UNDCP no Brasil, o uso de drogas se dá cada vez mais cedo. Outra constatação que motivou o evento é que "a redução de danos vem se mostrando cada vez mais o instrumento adequado para se aproximar dos dependentes", diz Denise Gandolfi, da Coordenação Nacional de Aids.
No Brasil, segundo estimativas do Ministério da Saúde, há 800 mil dependentes de drogas injetáveis. Desses, apenas 34 mil estão ligados aos 79 programas de redução do país. Outros 31 programas acabam de ser aprovados, o que deve ampliar para 50 mil o número de usuários acompanhados. Dos dependentes, estima-se que 42% estejam com HIV/Aids.
Os jovens estão discutindo as estratégias de abordagem dos programas e a relação com as autoridades, já que alguns países, como o Brasil, ainda enquadram a troca de seringas como crime.



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