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AIDS 1
Jovens que foram ou ainda são dependentes falam sobre prevenção ao vírus HIV
Droga injetável é tema de debate
AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
Ciganos marginalizados da periferia de Sofia, na Bulgária; imigrantes vietnamitas e cambojanos
moradores de Sidney, na Austrállia; indianos da região de Madras,
na Índia; jovens do Vale do Itajaí,
em Santa Catarina.
Em comum, todos eles têm menos de 25 anos, são usuários de
drogas injetáveis -cocaína e heroína- e estão ameaçados pelo
HIV ou já foram contaminados
pelo vírus. O drama e as perspectivas desses jovens vêm sendo tema de um encontro inédito sobre
prevenção ao uso de drogas injetáveis, que termina hoje em Cuiabá (MT). O debate faz parte do
Quarto Congresso Brasileiro de
Prevenção às DSTs e Aids, que vai
até a próxima quinta-feira.
O encontro de jovens que trabalham com prevenção às drogas
injetáveis tem o apoio do Ministério da Saúde e é parte de um projeto do Programa das Nações
Unidas para o Controle Internacional de Drogas (UNDCP). "A
intenção é aprender com os jovens as melhores formas de lidar
com a questão das drogas e passar
essa experiência a outros formadores de opinião", disse Stefano
Berterame, da UNDCP.
Jovens da Romênia, Bulgária,
Iugoslávia, Índia, Austrália, Canadá e Argentina, além de brasileiros de sete cidades onde é alto o
uso de drogas injetáveis, participam do evento. Todos trabalham
em programas de prevenção, e a
maioria já foi ou é dependente.
Segundo Vera Da Ros, assessora
técnica da UNDCP no Brasil, o
uso de drogas se dá cada vez mais
cedo. Outra constatação que motivou o evento é que "a redução de
danos vem se mostrando cada vez
mais o instrumento adequado para se aproximar dos dependentes", diz Denise Gandolfi, da
Coordenação Nacional de Aids.
No Brasil, segundo estimativas
do Ministério da Saúde, há 800
mil dependentes de drogas injetáveis. Desses, apenas 34 mil estão
ligados aos 79 programas de redução do país. Outros 31 programas acabam de ser aprovados, o
que deve ampliar para 50 mil o
número de usuários acompanhados. Dos dependentes, estima-se
que 42% estejam com HIV/Aids.
Os jovens estão discutindo as
estratégias de abordagem dos
programas e a relação com as autoridades, já que alguns países,
como o Brasil, ainda enquadram
a troca de seringas como crime.
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