|
Texto Anterior | Índice
CRIME EM CAMPINAS
Pelo menos 2 tiros atingiram prefeito, que estava sozinho em seu carro
Aos 49, Toninho, 8 meses de governo, é assassinado
DA FOLHA CAMPINAS
O prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santos (PT), 49, foi
assassinado ontem por volta das
22h20 com pelo menos dois tiros
-um no tórax e outro na nuca-
dentro de seu carro em um bairro
da periferia da cidade.
Toninho foi encontrado debruçado na direção de seu Pálio Weekend, que bateu em uma placa, na
Vila Brandina, nas proximidades
do shopping Iguatemi. Os tiros
foram disparos de fora do veículo.
O corpo foi reconhecido pelo
chefe de Gabinete, Gerardo Mendes de Melo.
O delegado Marcos Manfrim,
do 4º DP de Campinas, trabalha
com duas hipóteses: assassinato
premeditado ou assalto. Segundo
o comandante da PM da cidade,
Reinaldo Pinheiro Silva, ainda
não se pode levantar uma tese sobre o caso, pois não há testemunhas.
A vice-prefeita, Izalene Tiene
(PT), descarta a tentativa de roubo. "Não dá para acreditar que isso [roubo] tenha acontecido com
o carro andando." O que reforça
essa suspeita é o fato de que no
veículo de Toninho foram encontradas sacolas de compra, sua carteira e seu terno.
O petista vestia shorts e camiseta. Voltava de uma academia de
ginástica onde ia frequentemente,
segundo o amigo e deputado estadual Renato Simões (PT).
O senador Eduardo Suplicy estava na cidade no momento do
assassinato. Segundo ele, durante
reunião à tarde, o prefeito teria
comentado sobre a hipótese de
sua morte. Toninho, relatou Suplicy, teria dito à vice Izalene: "Se
acontecer alguma coisa comigo,
você será a primeira prefeita da
história de Campinas". "Isso soou
como uma premonição", disse o
senador do PT-SP.
Declaração do líder do partido
na Câmara Municipal, Sebastião
Arcanjo, reforça a tese petista de
que o crime não foi mais um assalto. O vereador disse que presenciou uma conversa do prefeito
na qual ele havia relatado que tinha sofrido ameaças de morte.
Trajetória política
Toninho era casado com a psicóloga Roseana Moraes Garcia.
Tinha uma filha, Marina Garcia
Costa Santos, 14.
Arquiteto formado pela FAU
(Faculdade de Arquitetura de Urbanismo) da USP (Universidade
de São Paulo), foi professor da
PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas por 25 anos.
Ingressou no PT em 1981, com
29 anos, a convite de Izalene Tiene. Concorreu pela primeira vez à
Prefeitura de Campinas em 1988,
quando foi eleito vice de Jacó Bittar, na época também petista.
A união dos petistas ruiu quando Toninho denunciou irregularidades na administração do
companheiro e deixou a prefeitura da cidade.
As irregularidades eram referentes à licitação do VLT (veículo
leve sobre trilhos). A implantação
do sistema de transporte foi interrompida.
Em 1996, disputou a Prefeitura
de Campinas, mas foi derrotado
ainda no primeiro turno. Nas eleições de 2000, foi eleito com
290.132 votos, 59,79% dos votos
válidos.
Repercussão
"Não consigo nem acreditar no
que aconteceu. Vamos acompanhar de perto as investigações",
desabafou ontem José Dirceu,
presidente licenciado do PT.
"Estou simplesmente chocado.
Toninho era uma pessoa com
tanta vida, com tanta paixão pelo
que fazia. Isso é um desastre", disse Dirceu, que estava de malas
prontas para Brasília quando soube do caso.
"Queremos esclarecimentos totais sobre o que aconteceu. Isso é
muito grave", afirmou o deputado federal José Genoino, provável
candidato ao governo do Estado
de São Paulo pelo Partido dos
Trabalhadores.
"Lamentamos muito. O Toninho estava fazendo um trabalho
muito bom em Campinas, uma
excelente gestão", disse Genoino.
À 0h10 de ontem, Genoino já estava se dirigindo para Campinas
para acompanhar a perícia da Polícia Civil e a realização dos laudos
técnicos sobre o assassinato. "Vamos acompanhar com rigor toda
a investigação."
O prefeito de Ribeirão Preto,
Antônio Palocci Filho (PT), que
conhecia Toninho desde 1988,
disse que a morte foi muito estranha. "Não parece assalto. Embora
tenhamos ainda poucos indícios,
está parecendo crime político." "É
uma perda muito grande para o
partido, para a cidade. Ele era
uma pessoa muito disposta, se dedicava inteiramente ao cargo."
Renato Simões, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa,
cobrou uma apuração rigorosa da
polícia sobre o caso.
"O trajeto no qual ele foi assassinado era o mesmo que fazia todos
os dias. Ele voltava sempre da academia que frequentava por ali, sozinho, e nunca teve problema",
disse o deputado.
Texto Anterior: Ilhabela: Secretaria tomba prédio de antiga cadeia Índice
|