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Surras em casa motivam fugas
da Sucursal do Rio
F.J.J.O., 9, não se lembra direito
há quanto tempo está na rua, acha
que desde o início do ano. Mas se
lembra do motivo: a mãe o obrigava a pedir esmola na rua, e ele decidiu fugir de casa.
"Tinha que voltar com R$ 20
por dia, ou apanhava. Ela ia com a
gente para a rua e ficava sentada
olhando, para a gente não brincar", conta o garoto.
Segundo F., seus pais moram no
Jardim América (zona norte). Ele
diz que não quer voltar para lá, para não apanhar de novo.
F. não ficou sabendo do cadastramento, mas quer tirar a foto para ganhar a carteirinha.
A.M.C.S.J., 13, também fugiu de
casa, no Espírito Santo. Foi cadastrado, ganhou a carteirinha, mas
deixou com um colega. "É bom,
para a polícia não bater", diz.
A. gosta de jogar bola, é torcedor
do Flamengo, mas nunca conseguiu ver um jogo no Maracanã. Fica rondando o estádio para ver um
jogador. Sonha com um par de
chuteiras. "Quando conseguir
um, volto para casa", promete.
M.F., 16, está na rua desde os 12.
Fugiu de casa porque, segundo
ele, apanhava do padrasto. Ouviu
falar da "carteirinha do juiz",
mas não se cadastrou. "Eu não
quero nada com juizado, tenho
medo de ser fichado".
M., como 42% dos meninos cadastrados, diz que frequenta a escola. Cursa a 4ª série numa escola
pública, pede esmolas e dorme em
Copacabana (zona sul).
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