São Paulo, sexta, 11 de setembro de 1998

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Surras em casa motivam fugas

da Sucursal do Rio

F.J.J.O., 9, não se lembra direito há quanto tempo está na rua, acha que desde o início do ano. Mas se lembra do motivo: a mãe o obrigava a pedir esmola na rua, e ele decidiu fugir de casa.
"Tinha que voltar com R$ 20 por dia, ou apanhava. Ela ia com a gente para a rua e ficava sentada olhando, para a gente não brincar", conta o garoto.
Segundo F., seus pais moram no Jardim América (zona norte). Ele diz que não quer voltar para lá, para não apanhar de novo.
F. não ficou sabendo do cadastramento, mas quer tirar a foto para ganhar a carteirinha.
A.M.C.S.J., 13, também fugiu de casa, no Espírito Santo. Foi cadastrado, ganhou a carteirinha, mas deixou com um colega. "É bom, para a polícia não bater", diz.
A. gosta de jogar bola, é torcedor do Flamengo, mas nunca conseguiu ver um jogo no Maracanã. Fica rondando o estádio para ver um jogador. Sonha com um par de chuteiras. "Quando conseguir um, volto para casa", promete.
M.F., 16, está na rua desde os 12. Fugiu de casa porque, segundo ele, apanhava do padrasto. Ouviu falar da "carteirinha do juiz", mas não se cadastrou. "Eu não quero nada com juizado, tenho medo de ser fichado".
M., como 42% dos meninos cadastrados, diz que frequenta a escola. Cursa a 4ª série numa escola pública, pede esmolas e dorme em Copacabana (zona sul).



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