São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2001

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ACIDENTE

Mergulhadores de elite participavam de treinamento de defesa militar no porto de São Sebastião, litoral norte de SP

Dois morrem em exercício da Marinha

Roosevelt Cassio/Folha Imagem
O navio Custódio de Mello, onde a dupla de mergulhadores acoplou um explosivo falso, em exercício de defesa, antes de desaparecer


DEBORAH COSTA
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Dois mergulhadores de elite da Marinha morreram anteontem à noite em acidente no mar durante um exercício de defesa militar no porto de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo.
A dupla participava de uma missão de ""ataque" contra o navio de transporte de tropas Custódio de Mello, ancorado no porto.
Os cabos Jaime Rodrigues Cardoso, 26, e José Edmar Mendes de Mesquita Filho, 27, do grupo de combate da Força de Submarinos da Marinha, foram lançados ao mar às 22h45.
A missão da dupla era acoplar um explosivo falso no Custódio de Mello e voltar à embarcação em que estavam. Depois de completar a colocação do explosivo, os dois desapareceram.
Os corpos foram encontrados dilacerados. Os mergulhadores podem ter sido atingidos pela hélice de alguma embarcação no porto, hipótese levantada pela própria Marinha.
Para a Marinha, eles podem ter perdido o senso de orientação ou se deparado com um turbilhão ou uma correnteza.
Os homens da Força de Submarinos são especializados em operações no mar, como ataques a forças inimigas, por exemplo.
O objetivo de um exercício como o que estava sendo realizado anteontem é testar a capacidade de defesa do porto, além de sua segurança e vulnerabilidade.
O primeiro corpo foi localizado por volta das 23h30, ao lado do navio. O outro corpo apareceu boiando próximo ao aterro do porto, à 1h. A Marinha abriu um IPM (Inquérito Policial Militar) para apurar as causas do acidente.
O comandante do 8º Distrito Naval, vice-almirante Ronaldo Fiuza de Castro, negou à Folha que os exercícios tenham relação com a guerra envolvendo os EUA e o Afeganistão. ""É impossível que fossem exercícios para a guerra. Essas operações são marcadas com dois anos de antecedência."
Segundo o Comando da Marinha, o treinamento de defesa de portos acontece uma vez por ano em cada cidade portuária do país. Esse tipo de exercício é considerado uma atividade rotineira.
O vice-almirante disse não ter informações do número de homens e embarcações envolvidas na operação no porto, que é sigilosa e ocorre sem aviso.
Ontem à tarde, era intensa a movimentação de militares em torno do porto de São Sebastião (214 km de São Paulo).
O vice-almirante, em nota oficial divulgada no final da tarde, disse que os mergulhadores eram treinados para trabalhar naquelas condições no oceano.
""Eles fazem parte das forças especiais da Marinha. São profissionais rigorosamente selecionados e altamente qualificados", disse.
"Na ocasião, realizavam exercícios rotineiros, pautados em normas de segurança comuns àquela atividade em todos os países que empregam forças desse tipo."
Para missões desse tipo, os mergulhadores contam com equipamentos como bússolas e profundímetros, que medem a profundidade do mar.
Os corpos dos mergulhadores deveriam ser enviados ontem à noite para o Rio de Janeiro. Do Rio, devem seguir para Fortaleza e São Luís, onde moravam.



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