São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2001

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Seita pode ser ligada a crimes no PA

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

A Justiça do Pará vai julgar até o final deste ano o processo que acusa seis pessoas de assassinar e castrar 12 crianças, entre 1989 e 1993, em Altamira (PA).
No processo são acusados pelo Ministério Público dois médicos, dois ex-policiais militares, um comerciante e uma mulher do Paraná, Valentina de Andrade, apontada como a chefe de uma seita supostamente envolvida com rituais de magia negra.
As crianças mortas tiveram os órgãos genitais tirados com instrumento cirúrgico, segundo laudos periciais realizados na época.
O delegado que presidiu o inquérito policial, Éder Mauro, disse que conseguiu reunir provas que indicavam a ligação das mortes com rituais de magia negra. "Conseguimos encontrar uma criança sobrevivente dos rituais que apontou um dos médicos como integrante da quadrilha."
Os seis envolvidos chegaram a ser presos duas vezes, mas conseguiram habeas corpus e aguardam o julgamento em liberdade.
O delegado também apontou que há conexão da seita com outros Estados.
Entre as provas descobertas pelo delegado estão a existência de um livro escrito por Valentina e fitas de vídeo que a mostram em rituais de magia negra com várias pessoas encapuzadas.
Segundo o delegado, o livro escrito por Valentina cita magias que seriam realizadas com órgãos genitais de crianças. "O livro diz que esse tipo de magia traz para as pessoas praticantes progresso, riqueza e saúde", disse.
Um outro fato que também chamou a atenção da Polícia Civil foi a morte de uma empregada de um dos médicos acusados. A empregada teria servido como uma das testemunhas da polícia no caso e presenciado alguns rituais.
O advogado de defesa dos acusados, Ercílio Pinto de Carvalho, disse que o "inquérito é uma vergonha e que todos os fatos foram inventados" pela Polícia Civil e pela Promotoria. "Não há provas contra os meus clientes e tenho certeza de que eles serão absolvidos", disse. Para ele, "os verdadeiros culpados ainda estão soltos".


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