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O CASO ABRAVANEL
Sequestrador diz, em depoimento, ter planejado sozinho o crime e ter gasto R$ 2.000 em armas e munição
Dutra Pinto narra "facilidade" de sequestro
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
O sequestro do apresentador
Silvio Santos, que parou o país na
frente da TV, impressiona pela facilidade com que o empilhador
Fernando Dutra Pinto, 22, jovem
paulista de classe média-baixa,
comprou armas, documentos falsos, encomendou um carro roubado e executou um dos mais ousados crimes do ano.
Os detalhes da operação, que ele
diz ter planejado sozinho, estão
no depoimento que ele deu à Justiça na semana passada, quando,
pela primeira vez, narrou como se
deu o sequestro de Patrícia Abravanel, filha de Silvio Santos, e do
próprio empresário, dias depois.
Dutra Pinto contou ao juiz Adílson de Araújo, da 30ª Vara Criminal, na frente de seus advogados,
que pretendia ""melhorar sua situação financeira" com o dinheiro que pediria como resgate.
Até então, ele trabalhava em um
supermercado, ganhava R$ 400
por mês e morava com o irmão,
Esdra Dutra Pinto, 19, em uma casa alugada, perto da dos pais.
Com a venda de um terreno em
Cotia, na região metropolitana da
capital, ele financiou a compra de
armamento. Cerca de R$ 2.000 viraram três pistolas calibre 380,
uma metralhadora e farta munição. Tudo comprado em Itapevi e
em Osasco (Grande SP).
A seguir, adquiriu uma identidade falsa para alugar a casa do
cativeiro. Nascia assim o músico
""Laudenir Passos", pseudônimo
dele na ação, que tinha carteira de
identidade e CIC falsos.
Desse modo, ele fechou dois
contratos de locação: um em Itapevi e outro em São Paulo, da casa
que serviu de cativeiro, no Morumbi (zona oeste da capital).
Dutra Pinto disse ter convencido então o irmão a ajudar. Esdra
abandonou o emprego de operador de caixa de supermercado e
emprestou R$ 400 para as despesas do plano. Por dois meses, vigiaram a casa de Silvio Santos, no
Morumbi, usando o carro do pai
deles, Antonio Sebastião Pinto.
O próprio Dutra Pinto diz ter
comprado um uniforme de carteiro, de um funcionário dos Correios, e três coletes à prova de bala
em Itapevi. Informações sobre a
família vieram do livro ""A Fantástica História de Silvio Santos".
Três dias antes de agir, Dutra
Pinto encomendou um Corsa
roubado de um conhecido em Itapevi, o ""Valdemir", que teria participado do plano e está foragido.
Na manhã de 14 de agosto, Dutra Pinto, vestido de carteiro, rendeu o vigia da casa de Silvio Santos e sequestrou a primeira filha
do empresário que desceu para a
garagem -Patrícia. O irmão dele
esqueceu na casa o carregador da
metralhadora que haviam levado.
Uma semana depois, Patrícia
seria libertada após o pagamento
de R$ 500 mil e a devolução do
carregador esquecido, segundo
depoimento de Silvio Santos à polícia. Dois dias depois, Dutra Pinto invadiu a casa de Silvio Santos e
o manteve refém por sete horas.
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