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São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2003

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POLÍCIA

Ele cuidaria de página na internet que seria de entidade no Brasil ligada à organização norte-americana Ku Klux Klan

Rapaz é acusado de manter site racista

ALESSANDRO SILVA
SIMONE IWASSO

DA REPORTAGEM LOCAL

Um rapaz de 18 anos foi preso ontem em São Paulo sob acusação de racismo. Ele seria responsável pelo site Imperial Klans of Brazil, que se dizia representante brasileiro da Ku Klux Klan, organização norte-americana que prega a supremacia da raça branca.
No trabalho e na casa do adolescente, em Santo Amaro, zona sul da capital paulista, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal apreenderam dois computadores, impressoras, documentos e cerca de 400 páginas de impressos com conteúdo racista e nazista.
"Brother Marcos", como ele se identificava pela internet, foi indiciado por crime de racismo, formação de quadrilha e por fazer propaganda de discriminação racial, segundo a Lei de Segurança Nacional, informou ontem a assessoria da Polícia Federal.
A polícia chegou aos endereços do rapaz depois de a Justiça Federal quebrar, a pedido da Procuradoria da República, o sigilo dos dados cadastrais e do e-mail que constava do seu site da Imperial.
O jovem de classe média, cujo nome a polícia não revelou, foi ouvido ontem pela Polícia Federal e liberado. Ele irá responder a inquérito em liberdade. A pena de prisão, apenas para o crime de racismo, varia de dois a cinco anos. A polícia não divulgou o conteúdo do interrogatório do rapaz.
Segundo o Ministério Público, ainda será apurada a participação de mais três pessoas, todas com menos de 30 anos, entre elas um investigador de polícia. Todos estariam ligados à organização.
Em entrevista à Folha, em abril, o adolescente que se apresentou como Brother Marcos disse que a filial brasileira havia sido fundada havia menos de um ano e já tinha representantes em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O site, segundo a polícia, era atualizado da casa do rapaz detido e do escritório onde ele trabalhava, em um frigorífico.
Dizendo-se de origem ariana, Brother Marcos disse, por telefone, que recebia "três novos e-mails por dia de arianos interessados no movimento". A Imperial Klans of Brazil seria formada, segundo ele, por jovens de 20 a 30 anos que se sentiam injustiçados com as "buscas de igualdade racial na sociedade".
"O governo e alguns grupos da sociedade buscam oferecer vantagens aos negros e aos homossexuais. Eu quero saber o que será oferecido para nós. Nós nos unimos para defender nossos direitos", disse ele em abril.
Brother Marcos contou que o grupo realizava encontros esporádicos, mas o grande meio de comunicação era a internet.


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