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ALFREDO SPEDITO DE SÁ (GRAMANI) (1929-2008)
Pois o espetáculo não termina jamais
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Fazia três anos que rosto e
voz de Alfredo Gramani surgiam na TV, como um suspiro de vida criativa. Pois passara bons anos encenando
no rádio, no tempo em que os
atores de mais verve estrelavam programas de humor
(fez até duetos de graça com
Nair Bello). Nem no fim, deixaria o espetáculo acabar.
O começo no rádio veio
com um empurrãozinho do
primo àquela voz de rapaz do
interior que queria subir na
vida. É que Gramani (sobrenome artístico, do tio) nascera em Franca (SP) e fora criado em Uberlândia (MG) pelos tios. "A mãe tinha já três
filhos e cedeu o quarto à irmã, que só tinha um", diz a
viúva. Até ir para São Paulo.
E ficou. A voz, maleável e
vívida, ajudou. "Fazia tudo:
criança, velho, bêbado" e até
na TV trabalhou, assim que a
Record entrou no ar. Mas os
filhos nasceram, precisou de
dinheiro e virou publicitário
e relações-públicas.
A criatividade, porém, porejava nos momentos de humor -e ele não ficava um minuto sem soltar uma piada,
"especialmente se fosse para
moças bonitas"; ou as senhoras do grupo de caminhada
da Sociedade Esportiva Palmeiras, que apelidara de "O
pastor e suas ohvélhinhas".
O pastor, claro, era ele.
Deixou dois filhos e duas
netas, ao morrer terça, de
câncer, aos 79. E deixou um
recorte curioso, encontrado
pela viúva em sua gaveta.
Amante de frases em latim,
guardou um papelzinho com
a frase: "Acta est fabula", ou
"O espetáculo acabou".
obituario@folhasp.com.br
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