São Paulo, terça-feira, 11 de outubro de 2011

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Justiça manda Kassab fechar Cingapura

Ação diz que área pública vizinha ao Center Norte, interditado pela prefeitura semana passada, tem risco de explosão

Administração afirma que caso do conjunto é diferente, pois fica às margens de um antigo lixão e não no meio dele

RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

A Justiça mandou a Prefeitura de São Paulo interditar "imediatamente" o conjunto habitacional Cingapura que fica na avenida Zaki Narchi, vizinho ao shopping Center Norte, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.
O argumento é que há risco de explosão no local por causa da concentração de gás metano. O Cingapura foi erguido em 1994 onde, duas décadas antes, havia um lixão.
A decisão, de sexta-feira, manda remover as 2.787 pessoas que vivem no local e fechar uma creche vizinha. A prefeitura, que na semana passada interditou o shopping por dois dias pelo mesmo motivo, já recorreu. A pedido dela, a Justiça marcou uma audiência para hoje.
A administração tenta ganhar tempo e convencer o juiz Valentino Andrade, da 10ª Vara da Fazenda Pública, de que não há risco imediato de explosão e que, por isso, ninguém precisa ser retirado.
O plano B é acomodar moradores em hotéis próximos. O município e a Cetesb (agência ambiental do Estado) dizem que o risco de explosão é "potencial", não "iminente", e que será eliminado com algumas ações.
A gestão Gilberto Kassab (PSD) disse que começou na sexta a monitorar o local, como mandou a Cetesb, mas não achou gás confinado. É a concentração do gás em ambientes fechados que pode levar à explosão. A prefeitura afirmou ainda que instalará em um mês 20 drenos para retirar o gás do solo.

SINAIS DE FOGUEIRA
Quem pediu a interdição do Cingapura foi o Ministério Público Estadual, que usou relatório da Cetesb de setembro apontando o risco "potencial" de explosão.
Também com base no laudo da Cetesb, disse que sinais de fogueira foram encontrados sobre um poço de monitoramento de gás e que moradores haviam sentido o piso térreo esquentar e dar choques, sinal de fiação ilegal -que poderia gerar explosão.
A ação mirou só o Cingapura, apesar de o terreno onde estão o Novotel e o Iprem (instituto de previdência municipal) também estarem com gás metano. Procurada pela Folha, a Promotoria não respondeu a razão pela qual excluiu os dois locais. O Center Norte também apresentava risco "potencial" de explosão e só foi liberado após instalar 11 drenos. A Cetesb considerou a interdição do shopping desnecessária.
Embora Center Norte e Cingapura tenham risco "potencial" segundo a Cetesb, a prefeitura agiu de maneira diferente nos dois casos. No shopping, exigiu interdição. No caso do conjunto, foi contra.
São casos distintos, diz a prefeitura: o shopping fica no meio do antigo lixão e o Cingapura, às margens dele.Além disso, no Center Norte a Cetesb detectou metano dentro das lojas e acima do limite mínimo de inflamabilidade, o que potencializa o risco de explosão. No Cingapura, isso não aconteceu.
A prefeitura sabe que a área é contaminada desde 2001. Em 2009, cobrada pelo Ministério Público, a Cetesb pediu providências à administração municipal. As medições começaram no ano passado.


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