São Paulo, terça-feira, 11 de outubro de 2011

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Moradores protestam contra a interdição

Grupo fechou parte da avenida Zaki Narchi por cerca de meia hora; nem todos têm escritura do imóvel no Cingapura

Defensoria Pública pedirá para a Cetesb laudos que indicam a contaminação por gás metano no local

DE SÃO PAULO

Cerca de 30 moradores do Cingapura fecharam parte da avenida Zaki Narchi ontem por meia hora em protesto contra a decisão judicial dada na sexta-feira.
Um grupo de jovens colocou sacos de lixo e os queimou. O protesto só terminou com a chegada da Polícia Militar, por volta das 17h. Não houve confronto.
A possibilidade de invasão da avenida era cogitada desde o início da tarde. Os moradores dizem que não têm para onde ir e que sempre moraram ali sem que nunca tivesse havido risco.
Eles pediram auxílio à Defensoria Pública, que requisitará à Cetesb os laudos sobre a contaminação por gás metano e falará com o Ministério Público Estadual.
O temor é que, se saírem do local, os 700 apartamentos sejam ocupados por sem-teto e eles não consigam voltar.
Parte dos moradores não tem escritura da propriedade pois comprou, com contratos de gaveta, os imóveis dos donos originais -a venda de apartamentos no Cingapura, tal qual outros conjuntos habitacionais construídos pelo poder público, é proibida. Segundo os moradores, cada apartamento do Cingapura vale até R$ 150 mil.

SURPRESA
Todos estavam surpresos com a decisão da Justiça. Representantes da prefeitura foram até o local para conversar com os moradores, que estavam aflitos diante da ameaça de deixar o local.
"Por que não tiram o Novotel, que está na mesma área?", diz a dona de casa Rita de Cássia Ferreira Silva, 41. "Aqui só tem pai de família, trabalhador... Ninguém tem outro lugar para morar. Como vai ficar?", diz José Tavares Medeiros Filho, 46, cabeleireiro. "O shopping tem dinheiro, pode fechar, resolver. Morador, não."
O Cingapura ocupa uma área que, na década de 1940, era uma cava de mineração de areia. Entre 1950 e 1970, virou um lixão e, mais tarde, a favela Zaki Narchi. O conjunto habitacional é de 1994.
(AFONSO BENITES E RICARDO GALLO)


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