São Paulo, domingo, 11 de outubro de 1998

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Marlene Bergamo/Folha Imagem
Sheila, Patrícia e Helen, com os filhos que tomaram todas as vacinas


SAÚDE
Vacina sem choro começa a ser testada

JAIRO BOUER
especial para a Folha

Novas vacinas que não provocam dor começam a ser testadas e devem estar à disposição das crianças dentro de pouco tempo. Elas dispensam o uso de seringas e privilegiam vias de administração como pele, boca, nariz e vagina.
A primeira representante desse novo lote é a contra o rotavírus. Aprovada há um mês pelo FDA (agência que regula medicamentos nos EUA), ela se utiliza de gotas para imunizar as crianças contra o principal causador de diarréia grave na infância. Três doses da vacina protegem contra casos moderados e graves de infecção por rotavírus, que podem levar à desidratação.
Pesquisas nos EUA também investem em uma vacina contra o vírus da gripe, administrada por um spray nasal. Já existe vacina contra a gripe, mas apenas na versão aplicada por injeção.
Um estudo publicado no "New England Journal of Medicine" mostra que duas doses da vacina nasal alcançam uma eficácia de 94% na proteção contra o vírus causador da gripe.
Os pesquisadores estão estudando também o uso de patches (adesivos) com minúsculas microagulhas, que são colocados sobre a pele e vacinam a pessoa. O adesivo não provoca nenhum tipo de dor e a vacina é absorvida pela pele.
Outra linha de pesquisa é com uma cápsula com a vacina colocada dentro da vagina e que poderia proteger contra alguns dos agentes causadores das doenças sexualmente transmissíveis.
Por fim, existe a possibilidade de usar alimentos alterados geneticamente, que imunizariam a criança contra uma infecção. Alguns alimentos já estão sendo testados na prevenção de infecções por agentes que causam diarréia.
Outra opção é o uso de um disco anestésico, colado na pele uma hora antes da vacinação. Ele alivia a dor da picada, mas não a dor causada pelo líquido penetrando nos tecidos. Não pode ser usado com todos os tipos de vacina.
Mas, enquanto as pesquisas estão em andamento, uma série de vacinas (ainda aplicadas com seringa) chegou ao mercado recentemente.
As vacinas contra a catapora e a contra a hepatite A protegem a criança contra duas infecções bastante comuns na infância.
Apesar de a imunização com todas as vacinas disponíveis exigir uma série de "picadas" nos primeiros anos de vida, muitos pediatras são a favor da cobertura vacinal completa. Ana Maria de Ulhôa Escobar, chefe do pronto-socorro do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da USP, diz que está recomendado todas as vacinas disponíveis no mercado, à exceção da vacina para gripe, para seus pacientes. Ana diz que as reações às vacinas são incomuns e bastante leves.
A publicitária Sheila D'Elia Denapoli, 34, mãe de Giancarlo, 5, e Giuliana, 1 ano e meio, se considera uma "alucinada por vacina". "Dou todas as vacinas recomendadas." Ela diz que a única infecção que seus filhos tiveram até hoje foi por rotavírus. "Se já existisse essa vacina na época, eles teriam se livrado de dias horríveis."
A publicitária Patrícia Puttinato, 24, mãe de Fernando, 1 ano e meio, e a comerciante Elen Câmara, 34, mãe de Isabela, 5, e de Lucas, 3, também são do time das adeptas das vacinas. As crianças não tiveram nenhuma doença infecto-contagiosa. A única exceção foi Isabela, que teve catapora. Ela tinha "escapado" da vacina.



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