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Marlene Bergamo/Folha Imagem
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Sheila, Patrícia e Helen, com os filhos que tomaram todas as vacinas
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SAÚDE
Vacina sem choro
começa a ser testada
JAIRO BOUER
especial para a Folha
Novas vacinas que não provocam dor começam a ser testadas e
devem estar à disposição das
crianças dentro de pouco tempo.
Elas dispensam o uso de seringas e
privilegiam vias de administração
como pele, boca, nariz e vagina.
A primeira representante desse
novo lote é a contra o rotavírus.
Aprovada há um mês pelo FDA
(agência que regula medicamentos nos EUA), ela se utiliza de gotas para imunizar as crianças contra o principal causador de diarréia grave na infância. Três doses
da vacina protegem contra casos
moderados e graves de infecção
por rotavírus, que podem levar à
desidratação.
Pesquisas nos EUA também investem em uma vacina contra o vírus da gripe, administrada por um
spray nasal. Já existe vacina contra
a gripe, mas apenas na versão aplicada por injeção.
Um estudo publicado no "New
England Journal of Medicine"
mostra que duas doses da vacina
nasal alcançam uma eficácia de
94% na proteção contra o vírus
causador da gripe.
Os pesquisadores estão estudando também o uso de patches (adesivos) com minúsculas microagulhas, que são colocados sobre a pele e vacinam a pessoa. O adesivo
não provoca nenhum tipo de dor e
a vacina é absorvida pela pele.
Outra linha de pesquisa é com
uma cápsula com a vacina colocada dentro da vagina e que poderia
proteger contra alguns dos agentes causadores das doenças sexualmente transmissíveis.
Por fim, existe a possibilidade de
usar alimentos alterados geneticamente, que imunizariam a criança
contra uma infecção. Alguns alimentos já estão sendo testados na
prevenção de infecções por agentes que causam diarréia.
Outra opção é o uso de um disco
anestésico, colado na pele uma
hora antes da vacinação. Ele alivia
a dor da picada, mas não a dor
causada pelo líquido penetrando
nos tecidos. Não pode ser usado
com todos os tipos de vacina.
Mas, enquanto as pesquisas estão em andamento, uma série de
vacinas (ainda aplicadas com seringa) chegou ao mercado recentemente.
As vacinas contra a catapora e a
contra a hepatite A protegem a
criança contra duas infecções bastante comuns na infância.
Apesar de a imunização com todas as vacinas disponíveis exigir
uma série de "picadas" nos primeiros anos de vida, muitos pediatras são a favor da cobertura
vacinal completa. Ana Maria de
Ulhôa Escobar, chefe do pronto-socorro do Instituto da Criança
do Hospital das Clínicas da USP,
diz que está recomendado todas as
vacinas disponíveis no mercado, à
exceção da vacina para gripe, para
seus pacientes. Ana diz que as reações às vacinas são incomuns e
bastante leves.
A publicitária Sheila D'Elia Denapoli, 34, mãe de Giancarlo, 5, e
Giuliana, 1 ano e meio, se considera uma "alucinada por vacina".
"Dou todas as vacinas recomendadas." Ela diz que a única infecção que seus filhos tiveram até hoje foi por rotavírus. "Se já existisse
essa vacina na época, eles teriam
se livrado de dias horríveis."
A publicitária Patrícia Puttinato,
24, mãe de Fernando, 1 ano e
meio, e a comerciante Elen Câmara, 34, mãe de Isabela, 5, e de Lucas, 3, também são do time das
adeptas das vacinas. As crianças
não tiveram nenhuma doença infecto-contagiosa. A única exceção
foi Isabela, que teve catapora. Ela
tinha "escapado" da vacina.
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