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SAÚDE
Evento no Rio discutiu a padronização de remédios feitos à base de plantas
Debate busca normatizar fitoterápico
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os conselhos regionais de Medicina e de Farmácia do Rio de Janeiro realizaram neste final de semana um primeiro encontro para
discutir a normatização e a uniformização das práticas para os
medicamentos fitoterápicos.
Em forma de cápsulas, chás, xaropes e pomadas, os fitoterápicos
empregam todos os princípios
ativos da planta, diferentemente
dos medicamentos desenvolvidos
a partir de estruturas químicas
isoladas das plantas.
O simpósio do Rio, iniciativa
inédita por parte de um conselho
de medicina, acontece duas semanas depois que a Associação Brasileira da Indústria Fitoterápica
(Abifito) realizou um fórum sobre um projeto de lei para o setor.
Segundo a associação, o setor movimenta R$ 1 bilhão por ano e emprega mais de 100 mil pessoas.
Para a Abifito, a falta de uma legislação adequada vem levando a
frequentes apreensões de produtos e à "difamação do setor", além
de confundir médicos e pacientes.
"Os fitoterápicos são mais baratos e têm menos efeitos colaterais", diz o médico Décio Alves,
do Serviço de Terapias Naturais
da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ). Como não se
investe em pesquisas com plantas
no país, cerca de 80% dos fitoterápicos registrados aqui são de
plantas estrangeiras. "Esse quadro vai mudar", diz Alves. Segundo ele, 14 universidades no país já
estão pesquisando fitoterápicos.
Climatério
No simpósio do Rio, foi apresentada uma revisão de 45 trabalhos estrangeiros realizados nos
últimos três anos relacionando as
isoflavonas com a redução dos
efeitos do climatério. "Trinta e oito deles foram positivos", diz Décio Alves, que fez a revisão. As isoflavonas são hormônios presentes
na soja. Seus efeitos aparecem em
pelo menos 2.000 trabalhos publicados em revistas indexadas.
As isoflavonas também podem
aumentar a massa óssea e reduzir
o risco cardiovascular, diz Alves.
"Há cada vez mais ginecologistas
e pacientes procurando essa alternativa", diz o médico, que pertence à Sociedade de Ginecologia do
Rio de Janeiro.
No Brasil, um estudo conduzido
por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo mostra os
benefícios das isoflavonas. Na
UFRJ, Alves deve concluir dois estudos no próximo ano. No Hospital das Clínicas (SP), os serviços
de ginecologia e gastroenterologia estão conduzindo pelo menos
três estudos com as isoflavonas. A
maioria é com cápsulas concentradas de soja, que buscam aprovação como fitoterápicos. Outro
produto estudado é um concentrado protéico de soja associado à
proteína da soja, que vem sendo
vendido como alimento.
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