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São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2003

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VIOLÊNCIA

Casal sumiu há dez dias, quando foi acampar em um sítio abandonado; polícia prendeu um menor e procura outro envolvido

Estudantes do São Luís são achados mortos

DA REPORTAGEM LOCAL

Foram encontrados ontem os corpos dos estudantes Felipe Silva Caffé, 19, Liana Friedenbach, 16 . O casal estava desaparecido desde 1º de novembro, um dia depois de sair de casa para acampar em um sítio abandonado na divisa de Juquitiba com Embu-Guaçu, a cerca de 50 km de São Paulo.
Os corpos foram achados com uma diferença de quase 12 horas. Felipe foi encontrado por volta do meio-dia, a cerca de 4 km do local em que o casal montou a sua barraca, no sábado retrasado. Liana foi encontrada às 23h30, em um riacho, a 2 km do ponto em que estava o corpo de Felipe. Segundo a polícia, ela foi morta a facadas. Ele levou um tiro na nuca.
Mais de 40 policiais vinham fazendo buscas na região desde a segunda-feira retrasada, mas a polícia chegou ao corpo do estudante depois de uma pista de um morador, que havia visto um menor da região com a jovem no sábado retrasado, à tarde. Como não tem televisão, ele só soube do desaparecimento do casal dias depois, quando foi à cidade. Então conversou com moradores, e os rumores chegaram ao pai de Liana, o advogado Ari Friedenbach, que acionou a polícia.
Em depoimento, segundo a polícia, o menor confessou participação na morte de Felipe, mas alegou que não teria sido o responsável por sua morte. Foi o rapaz quem indicou o local em que estava o corpo. O acusado tem 16 anos e trabalha em uma chácara da região, segundo um irmão.
Uma familiar de Felipe afirmou que a mãe dele, a enfermeira Lenice, 51, já reconheceu o corpo do filho, em adiantado estado de decomposição. Antes disso, a polícia já tinha confirmado a identidade do rapaz, com base em fotos e em uma tatuagem.
A polícia, que não informou qual foi a motivação do crime, investiga o envolvimento de mais pessoas nas mortes. Um outro suspeito, procurado ontem à noite, pode solucionar o caso.
A busca pelo casal começou há oito dias. Os dois mentiram para os pais sobre a viagem. Liana contou que iria para Ilhabela, no litoral norte, com amigas da CIP (Confederação Israelita Paulista).
Felipe realmente falou para a mãe que acamparia no sítio abandonado de Embu-Guaçu, mas afirmou que viajaria com alguns amigos. O jovem já tinha acampado no local cerca de 20 vezes nos últimos dois anos, o que, desde o início, levou a polícia a considerar remota a hipótese de que eles tivessem se perdido na mata.
Os pais descobriram a mentira no domingo à noite, quando os dois não voltaram. O casal estudava à noite no colégio São Luís, um dos mais tradicionais da cidade. Para chegar ao local, o casal pegou um ônibus para Embu-Guaçu, em uma viagem de cerca de duas horas. Na cidade, gastaram R$ 40 em um mercado. Compraram miojo, água, biscoitos e leite em pó, entre outros produtos.
De lá pegaram um outro ônibus, para Santa Rita, um lugarejo próximo ao sítio abandonado. Ainda andaram cerca de 4,5 km a pé até o local em que acamparam, sob um telhado caindo aos pedaços dentro do sítio. Quando a barraca foi encontrada pelo pai de Liana, na segunda-feira, dia 3, tudo estava intocado -a água, a comida e até a maquiagem dela.
Desde então, as famílias e a polícia vinham empreendendo uma busca sem descanso na região. O pai de Liana chegou a contratar um helicóptero para lançar 10 mil panfletos com a foto dela sobre a região. (PEDRO DIAS LEITE, CHICO DE GOIS E SIMONE IWASSO)


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