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Controladores de vôo sabem apenas "fraseologia" em inglês
Menos de 3% dos operadores no país têm conhecimento mínimo do idioma
Preparação mínima hoje é decorar termos e frases de uso regular; Aeronáutica diz que realiza cursos suplementares desde 2003
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Menos de 3% dos controladores de tráfego aéreo do país
têm o conhecimento mínimo
de inglês requerido pelas novas
normas da OACI (Organização
de Aviação Civil Internacional), que entrarão em vigor em
março de 2008.
Em 2005, a Aeronáutica fez
um diagnóstico da situação e
constatou que apenas 70 dos
2.683 controladores civis e militares em todo o Brasil estariam no nível 4, o patamar mínimo do novo padrão. Ou seja,
2,6% tinham a capacitação requerida para trabalhar dentro
das novas normas de segurança
e eficiência internacionais, que
valerão também para pilotos.
No curso de formação, são
300 horas de inglês, o que mal
tira o controlador do zero, segundo apurou a Folha na Divisão de Capacitação e Treinamento Profissional do Decea
(Departamento de Controle do
Espaço Aéreo).
A preparação mínima hoje é
decorar a "fraseologia" -termos e frases de uso regular no
controle aéreo. A preocupação
dos controladores é quando sai
da fraseologia.
Diálogo
No nível 4, espera-se que o
controlador tenha aptidão suficiente para dialogar em situações inusitadas, com grau de
fluência, vocabulário e compreensão que, apesar de erros
ou lentidão, não interfiram no
entendimento.
Essa deficiência ganhou peso
com a possibilidade de que dificuldades de idioma possam ter
contribuído para o colisão do
vôo 1907 da Gol com o Legacy,
que deixou 154 mortos, em 29
de setembro.
Está sendo investigada a hipótese de mal-entendido nas
comunicações entre o controle
aéreo de São José dos Campos
(SP) e os pilotos norte-americanos sobre o plano de vôo do
jato executivo.
Reforço
Segundo três controladores
ouvidos durante a semana, o inglês é uma deficiência gravíssima no controle aéreo e uma reivindicação antiga e ignorada
pela hierarquia militar.
A Aeronáutica sustenta que
está reforçando o inglês dos
controladores com cursos suplementares desde novembro
de 2003, quando a OACI anunciou o novo padrão de proficiência mínima de inglês para
todos os países e recomendou a
transição gradual.
Controladores de Brasília
afirmam que não receberam
treinamento e apenas em 2007
terão aulas em escola particular de inglês.
É datada de 4 de novembro
de 2006 a publicação oficial do
Programa de Elevação de Nível
de Língua Inglesa, da Aeronáutica, para os controladores militares e civis em 2007. Está
prevista a continuação da capacitação dos 70 controladores já
"aprovados" para que se tornem instrutores dos colegas
-mas apenas 20 deles foram
treinados até agora.
Além disso, cursos intensivos
de inglês geral vão ser contratados em todo o país, com um
mínimo de 120 horas/aula no
ano. De acordo com a Aeronáutica, há um orçamento de R$
2,7 milhões para essa finalidade
no próximo ano, mas teme-se o
contingenciamento de verbas.
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