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Para educadores, legislação precisa mudar
Propostas vão de controle eletrônico de presença dos docentes até adicional de salário aos profissionais mais assíduos
Diretora da Faculdade de Educação da USP afirma que governo e associações de classe têm de começar a debater soluções para faltas
DA REPORTAGEM LOCAL
Educadores entrevistados
pela reportagem defendem
uma mudança na legislação. "A
escola existe para o aluno ter
acesso ao seu direito de aprender. Os direitos do professor
não podem se sobrepor aos dos
estudantes", disse a diretora da
Faculdade de Educação da
USP, Sonia Penin, que defende
também melhorias nas condições de trabalho dos docentes.
Para ela, o problema das faltas ainda não foi, de fato, enfrentado. "A secretaria e as associações de classe precisam
sentar e se acertar. O que não
pode é o aluno ficar sem aula."
O absenteísmo dos professores é um problema que atinge
os alunos da rede estadual há
mais de dez anos. Em 1994, a
Folha publicou reportagem
que mostrou que, somadas, as
faltas representavam um mês
de aulas perdidas.
O filósofo Mario Sergio Cortella, secretário da Educação na
gestão da prefeita de São Paulo
Luiza Erundina (então no PT),
também defende melhores
condições de trabalho, aliadas a
uma melhoria na legislação.
"Se as condições são ruins, o
professor, como qualquer outro profissional, vai aproveitar
todos os escapes", disse.
Cortella afirma que o percentual de 12,8% de faltas diárias
não é tão elevado como média,
mas indica que a situação nas
periferias esteja muito ruim.
Dados oficiais mostram que
as regiões da capital paulista
onde o absenteísmo é maior
são as de bairros como Campo
Limpo e Capão Redondo (zona
sul) e Cidade Tiradentes e
Guaianases (zona leste). Todas
na periferia, com baixos indicadores socioeconômicos. "Embora seja cansativo ser professor, especialmente nas escolas
distantes, não se justifica o profissional assinar o contrato de
trabalho, receber por ele e não
cumprir sua parte", diz Ilona
Becskeházy, diretora-executiva da Fundação Lemann.
Para ela, é preciso criar diferenciais de salários para os assíduos e controle eletrônico de
faltas, além de mudar a lei.
(FT)
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