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PEDAGOGIA
Dislexia tem tratamento também para os adultos
Pacientes buscam resolver dificuldades no trabalho ou para voltar à sala de aula
Distúrbio não é considerado doença, mas apenas um transtorno que pede métodos diferentes de aprendizagem ao portador
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nunca é tarde para aprender.
Essa frase resume a idéia de especialistas de que jovens e
adultos com dislexia, que não
detectaram ou não trataram esse distúrbio de aprendizagem
ainda nos primeiros anos de escola, podem buscar tratamento
em qualquer momento da vida
e minimizar as dificuldades
com a leitura, a escrita ou a fala.
Isso significa que quem
achou durante anos que a escola era muito difícil ou que não
tinha vocação para estudar ainda tem chance de aprimorar
suas habilidades. Muitos estão
buscando tratamentos para resolver dificuldades no trabalho
ou para voltar à sala de aula.
A possibilidade de melhora
começa pelo fato de a dislexia
não ser uma doença, mas um
transtorno de aprendizagem. O
disléxico utiliza cerca de quatro
vezes mais áreas do cérebro em
atividades como a leitura. Por
isso, as informações às vezes se
"embaralham" e ele cansa mais
rápido. Não se trata de um problema de inteligência.
Segundo Birgit Mobus, fonoaudióloga e psicopedagoga
da Escola Suíço-Brasileira, o
tratamento nos adultos é muito
parecido ao aplicado em crianças e inclui exercícios como a
identificação de sons e sílabas,
jogos, rimas, leituras etc.
Ela diz que o tratamento em
crianças é muito indicado "para
evitar que fiquem com baixa
auto-estima e desistam dos estudos". Nessa fase, o cérebro facilita o aprendizado porque
cria conexões mais facilmente.
Contudo, ela diz que "os resultados também são bons após
a infância, mas com recursos
diferentes. O cérebro desenvolve áreas de compensação."
Um estudo feito recentemente pela Universidade de
Padova, na Itália, sugere que
"não há idade" para recuperar o
tempo perdido. Os pesquisadores mostraram que alunos disléxicos de 6ª, 7ª e 8ª séries tiveram a mesma melhora que os
de 3ª e 4ª séries- momento em
que geralmente é indicado o
início do tratamento- após
exercícios para a fluência e precisão na leitura oral de textos.
Após frequentarem uma clínica por período de três a quatro meses, os alunos "mais velhos", de um grupo de 55 crianças, tiveram resultados semelhantes aos mais novos na qualidade e na rapidez da leitura.
Descoberta
Muitos pais hoje descobrem
que são disléxicos após o problema ser detectado no filho, já
que o distúrbio é genético.
Segundo Raquel Caruso, psicopedagoga da clínica Edac, a
dislexia pode ser detectada dois
anos após o início da alfabetização, geralmente entre a 2ª e a 3ª
séries, mas muitos profissionais ainda não estão preparados para identificar o distúrbio.
"Dei uma palestra para um
público de cerca de 80 professores da rede pública. Nenhum
disse ter pelo menos um aluno
disléxico, o que é muito difícil",
afirma Raquel.
Birgit Mobus diz que tratar a
dislexia é positivo, mas que é
comum que pessoas que não
procuram um especialista desenvolvam sozinhas formas de
compensar as dificuldades.
Segundo a Associação Brasileira de Dislexia, pesquisas em
vários países mostraram que
entre 5% e 17% da população
mundial é disléxica.
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