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Tropa de Choque retira alunos da reitoria da PUC
Saída dos estudantes ocorreu durante a madrugada, de forma pacífica; reitora disse que uma investigação foi iniciada e manifestantes poderão ser punidos
Alunos protestavam contra proposta de reestruturação administrativa da faculdade; 224 policiais participaram da ação
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os estudantes que ocupavam
a reitoria da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo) havia cinco dias deixaram o campus de Perdizes
(zona oeste) na madrugada de
ontem, depois que a Tropa de
Choque da PM entrou no prédio. Ao todo, 132 alunos saíram,
vigiados por 224 policiais.
Do lado de fora, outros 22
alunos, também identificados
pela polícia, receberam os colegas com aplausos. A invasão fez
parte de um protesto contra as
alterações na estrutura administrativa que a instituição
quer implementar.
Os estudantes afirmam que
não houve diálogo suficiente
sobre a questão e reivindicam
que a proposta de mudança não
seja votada em 12 de dezembro,
como previsto inicialmente.
A polícia entrou às 2h55 com
mandado de reintegração de
posse expedido no dia 6, apenas
um dia após os alunos derrubarem uma divisória interna do
campus e invadirem a reitoria.
Segundo o comandante da Tropa de Choque, coronel Joviano
Conceição Lima, desde então,
estava sendo montada a operação especial.
"Fui o primeiro a falar com
eles e expliquei as três possibilidades: de eles saírem pacificamente, de serem retirados, ainda pacificamente, ou, se fossem
agressivos, do uso de energia da
nossa parte", disse Lima. O grupo saiu de forma pacífica.
Na calçada em frente à universidade, no entanto, a maioria continuava revoltada.
"Amanhã vai ser pior", gritavam em coro, entre outras frases de ordem, o hino nacional e
canções de Chico Buarque. Eles
também lembravam a invasão
da PUC pela polícia há 30 anos,
em 22 de setembro de 1977,
considerada um marco na luta
contra a ditadura.
Segundo a Secretaria da Segurança, os alunos não serão
indiciados porque não houve
resistência nem desacato.
Já a reitora Maura Véras, que
concedeu entrevista coletiva
ontem, disse que uma investigação foi iniciada e os alunos
podem ser punidos administrativamente -com advertência,
suspensão e até expulsão.
Véras disse ter ficado "muito
aliviada" com a retirada pacífica dos alunos. "Nós torcemos o
tempo todo pelo diálogo e para
que eles entendessem que não
havia nenhum motivo para essa invasão, essa truculência."
Segundo ela, a reitoria "não
tem pressa" para aprovar a
reestruturação e pode pleitear
junto ao conselho universitário
que adie a votação das propostas de reestruturação.
As aulas não foram suspensas durante o período da invasão. Nas três salas ocupadas pelos alunos, havia cartazes como
"lixo no lixo" e "sem álcool ou
drogas". Foram encontradas
três bitucas de cigarro que o coronel disse acreditar que sejam
maconha. Já os alunos encontraram na reitoria dez caixas
com garrafas de champanhe. A
bebida francesa foi deixada em
cima da mesa.
Colaborou AFRA BALAZINA, da Reportagem
Local
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