São Paulo, domingo, 11 de novembro de 2007

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Tropa de Choque retira alunos da reitoria da PUC

Saída dos estudantes ocorreu durante a madrugada, de forma pacífica; reitora disse que uma investigação foi iniciada e manifestantes poderão ser punidos

Alunos protestavam contra proposta de reestruturação administrativa da faculdade; 224 policiais participaram da ação

CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os estudantes que ocupavam a reitoria da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) havia cinco dias deixaram o campus de Perdizes (zona oeste) na madrugada de ontem, depois que a Tropa de Choque da PM entrou no prédio. Ao todo, 132 alunos saíram, vigiados por 224 policiais.
Do lado de fora, outros 22 alunos, também identificados pela polícia, receberam os colegas com aplausos. A invasão fez parte de um protesto contra as alterações na estrutura administrativa que a instituição quer implementar.
Os estudantes afirmam que não houve diálogo suficiente sobre a questão e reivindicam que a proposta de mudança não seja votada em 12 de dezembro, como previsto inicialmente.
A polícia entrou às 2h55 com mandado de reintegração de posse expedido no dia 6, apenas um dia após os alunos derrubarem uma divisória interna do campus e invadirem a reitoria. Segundo o comandante da Tropa de Choque, coronel Joviano Conceição Lima, desde então, estava sendo montada a operação especial.
"Fui o primeiro a falar com eles e expliquei as três possibilidades: de eles saírem pacificamente, de serem retirados, ainda pacificamente, ou, se fossem agressivos, do uso de energia da nossa parte", disse Lima. O grupo saiu de forma pacífica.
Na calçada em frente à universidade, no entanto, a maioria continuava revoltada. "Amanhã vai ser pior", gritavam em coro, entre outras frases de ordem, o hino nacional e canções de Chico Buarque. Eles também lembravam a invasão da PUC pela polícia há 30 anos, em 22 de setembro de 1977, considerada um marco na luta contra a ditadura.
Segundo a Secretaria da Segurança, os alunos não serão indiciados porque não houve resistência nem desacato.
Já a reitora Maura Véras, que concedeu entrevista coletiva ontem, disse que uma investigação foi iniciada e os alunos podem ser punidos administrativamente -com advertência, suspensão e até expulsão.
Véras disse ter ficado "muito aliviada" com a retirada pacífica dos alunos. "Nós torcemos o tempo todo pelo diálogo e para que eles entendessem que não havia nenhum motivo para essa invasão, essa truculência."
Segundo ela, a reitoria "não tem pressa" para aprovar a reestruturação e pode pleitear junto ao conselho universitário que adie a votação das propostas de reestruturação.
As aulas não foram suspensas durante o período da invasão. Nas três salas ocupadas pelos alunos, havia cartazes como "lixo no lixo" e "sem álcool ou drogas". Foram encontradas três bitucas de cigarro que o coronel disse acreditar que sejam maconha. Já os alunos encontraram na reitoria dez caixas com garrafas de champanhe. A bebida francesa foi deixada em cima da mesa.


Colaborou AFRA BALAZINA, da Reportagem
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