São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2008

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Culpa é da baixa remuneração, afirma vice-presidente de conselho de educação

DA REPORTAGEM LOCAL

Os salários baixos causam a diminuição da procura por diversos cursos que formam professores para a educação básica no Brasil nos últimos anos, segundo João Cardoso Palma Filho, professor de política educacional da Unesp e vice-presidente do Conselho Estadual de Educação. Para ele, a baixa remuneração é a principal causa do desprestígio da profissão.
Veja trechos da entrevista.

 

FOLHA - Por que a procura por cursos que formam professores despencou?
JOÃO CARDOSO PALMA FILHO
- Vou resumir em uma frase. Pelos baixos salários. Tem caído muito a procura pelos cursos de licenciatura em geral. Não é só na Fuvest. Você não tenha dúvida de que é em razão dos baixos salários, remunera-se mal.

FOLHA - Há outras causas?
PALMA FILHO
- No caso da pedagogia está ocorrendo também uma outra coisa: a proliferação de cursos. Tem os de educação a distância. Além disso você tem muitos cursos acontecendo na rede privada. O ProUni também pode estar influenciando. Aliás, ele atende um público que poderia se encaminhar para a licenciatura, que ganha até três salários.

FOLHA - A baixa remuneração interfere no perfil do professor?
PALMA FILHO
- É difícil você ver alguém de um colégio bom e caro de São Paulo querer fazer pedagogia. Ele quer algo que dê dinheiro. Faz direito porque pode prestar concursos, onde remunera-se bem, ou medicina, porque ainda tem prestigio. Quem vai para pedagogia, de um modo geral vem da rede pública. Alguns têm deficiências de português.

FOLHA - A conduta das escolas em relação aos professores contribui para o desprestígio da profissão?
PALMA FILHO
- Acho que o problema é basicamente o salário. Vivemos em uma sociedade em que as pessoas são medidas pelo que ganham. Os alunos fazem parte dessa sociedade. Eles vêem o professor reclamando. Isso interfere na forma como vêem os professores.


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