São Paulo, quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

notas

RISCO DE MORTE
Para a pequena Erica, de apenas nove meses, a falta de luz podia significar um grande risco. Ana Paula dos Santos Leite, 36, sua mãe, conta que a bebê depende de um aparelho para respirar quando está dormindo, já que sofre de hipoventilação central congênita.
O aparelho tem no-break com autonomia para funcionar por apenas seis horas.
A falta de luz e a agonia na casa de Ana Paula, no Rio, começaram por volta das 22h30. Sem conseguir falar com a Light, que fornece energia para 31 municípios do Estado do Rio de Janeiro, a dona de casa não sabia quando a energia voltaria. Por isso, a família decidiu passar a noite em um hotel, onde houvesse um gerador.

LUTO
O bancário Luiz Antonio Canedo, 51, havia recebido uma hora antes a notícia da morte de sua sobrinha Priscila, 12, por causa de uma hemorragia. Deixava um dos elevadores do Incor, em São Paulo, para tratar dos encaminhamentos pós-óbito quando a luz caiu.
Ao contrário do que ocorreu no prédio principal do Hospital das Clínicas, os geradores do InCor não deram conta de manter acesas as luzes do local. Apenas as UTIs e as áreas essenciais não ficaram no escuro. "Um hospital como esse deveria ter um gerador mais forte. Eles não estão preparados para um blecaute", disse Canedo. Ninguém da direção do InCor comentou.

45 MINUTOS
O professor de espanhol Gonzalo Alonso, 40, estava num vagão da linha 2-verde, entre as estações Trianon-Masp e Brigadeiro, quando ocorreu o apagão. De acordo com ele, o vagão ficou sem luz durante alguns segundos e o motor chegou a parar.
Na estação Brigadeiro, os passageiros desceram. Normalmente, ele faz baldeação na estação Paraíso, onde pega a linha 1-azul e desce na Liberdade, onde pega um ônibus para Interlagos (zona sul da capital paulista), onde mora.
Para chegar em casa, o jeito foi caminhar até a Sé -um percurso de 45 minutos, segundo ele- procurando onde estava "menos escuro". Na Sé, ele pegaria um ônibus.

POLÍCIA
A estudante Dayse Rodrigues, 19, e o colega Rafael Monteiro, 23, esperavam a luz voltar ao lado do carro da Polícia Militar, na praça da Sé. Moradores de Suzano, não tinham como voltar para casa nem conseguiam usar os celulares para avisar da demora. Então decidiram ficar perto da polícia, "onde tem mais gente".

PÃO COM SALAME
O empresário e estudante de direito Leonardo Simieli, 26, fazia uma prova na Uninove da Barra Funda (zona oeste de SP) na hora do blecaute. Devido a um gerador, conseguiu terminar a prova e, na saída, ofereceu carona a colegas. Mas esqueceu que não tinha gasolina. Após passar por dois postos fechados, parou em um supermercado de Perdizes e decidiu aguardar o retorno da energia comendo um sanduíche de pão e salame no estacionamento, com os colegas.

MESTRADO
Quando a energia caiu, a psicóloga Cláudia Comaru, 25, escrevia, em sua casa, no Rio de Janeiro, o projeto pra qualificação do mestrado em saúde pública que cursa na Fiocruz. "Estava escrevendo o projeto pra qualificação que tenho que entregar amanhã [hoje]", afirmou a psicóloga.
Tudo o que escreveu no computador "ficou preso", de acordo com ela. O jeito foi continuar o trabalho no laptop. Por volta da 1h, quando a luz voltou, ela religou o computador e conseguiu recuperar o arquivo.
"O Word me salvou, ficou na recuperação", disse. No entanto, o tempo para acabar o projeto ficou apertado. Ela tinha até as 9h de hoje para terminar o trabalho.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Passageiros descem de trem e andam nos trilhos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.