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Protesto impede eleição para reitor na USP
Cerca de 200 manifestantes bloquearam com piquetes a entrada de 100 dos 325 eleitores no prédio onde ocorreria a votação
Votação foi remarcada
para hoje, às 13h30, no Memorial da América Latina; funcionários e alunos prometem mais protestos
TALITA BEDINELLI
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um protesto de cerca de 200
estudantes, funcionários e militantes de movimentos populares impediu ontem a realização do segundo turno das eleições para reitor da USP.
Os manifestantes bloquearam as entradas do prédio da
reitoria, onde aconteceria o
pleito, alegando que ele é antidemocrático. Com piquetes e
faixas, impediram a entrada de
pelo menos 100 dos 325 professores, alunos e funcionários aptos a votar no segundo turno.
No primeiro turno, votaram
1.641 pessoas, entre funcionários, professores e alunos.
A votação foi remarcada para
hoje, às 13h30, na biblioteca do
Memorial da América Latina
(zona oeste de SP).
Os manifestantes se encontraram ao meio-dia em frente à
reitoria. Pouco depois, o diretor
do Sintusp (sindicato dos funcionários), Magno de Carvalho,
anunciou no microfone do carro de som: "A partir de agora,
esses 325 que querem substituir os 106 mil alunos, funcionários e professores da USP
não entram mais".
Foi a deixa para que os estudantes se postassem em frente
à portaria principal do prédio.
Em seguida, o sindicato estourou um rojão. Era o aviso para
que a portaria de trás fosse bloqueada por outro grupo -composto, sobretudo, por membros
do movimento sem-teto.
No momento do bloqueio,
cerca de dois terços dos votantes já haviam entrado no prédio. O restante foi recebido aos
gritos, ao tentar furar o bloqueio: "Ninguém entra. Não
deixa os burocratas entrarem!".
O presidente da comissão
eleitoral, Ignácio Poveda, tentou conversar com os manifestantes. Ao ver a pró-reitora de
pesquisas, Mayana Zatz, ser
impedida de entrar no prédio,
ele saiu da reitoria para resgatá-la e não pôde voltar. "Não se
pode impedir as pessoas de ir e
vir. Você quer ser responsabilizado por um crime?", dizia.
Por volta das 13h40, dez minutos após o horário marcado
para o início da votação, ela foi
adiada. "Se um único eleitor é
impedido de entrar, a eleição
não pode ser realizada", explicou Poveda. Os manifestantes,
no entanto, prometem impedir
novamente a eleição hoje.
A maior parte dos manifestantes é ligada a movimentos
radicais de esquerda, como a
LER - QI (Liga Estratégia Revolucionária - Quarta Internacional), dissidência do PSTU.
Neste ano, a USP já havia enfrentado uma greve de 57 dias
dos funcionários, que também
fizeram piquetes para bloquear
a reitoria. A reitora Suely Vilela
pediu reintegração de posse do
prédio e a PM foi chamada, o
que acabou em confronto com
dez feridos. Em 2007, em outro
protesto, alunos e servidores
ocuparam o prédio por 50 dias.
O governador José Serra
(PSDB), que escolherá o reitor
entre os três mais votados no
segundo turno, criticou os protestos. "Há um processo democrático na USP, a escolha de
uma lista tríplice, e esse processo tem de ser respeitado. Nem
todo mundo gosta disso."
Os candidatos mais votados
no primeiro turno também fizeram críticas ao ato. "Lamentável. Uma minoria de servidores e de alunos, com pessoas externas, impediram de forma
agressiva o acesso à votação. A
violência não condiz com o ambiente acadêmico", afirmou o
diretor do Instituto de Física de
São Carlos, Glaucius Oliva.
Para o pró-reitor de pós-graduação, Armando Corbani, "a
manifestação foi um absurdo,
porque todos os candidatos se
comprometeram a mudar o sistema de escolha de dirigentes".
Já o diretor da Faculdade de
Direito, João Grandino Rodas,
afirmou: "O acontecido hoje é
um retrato fiel do que vem sendo a USP nos últimos anos".
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