São Paulo, sábado, 11 de dezembro de 2004

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Redemocratização foi incentivo

DA SUCURSAL DO RIO

Para analistas ouvidos pela Folha, o processo de redemocratização política e o aumento da consciência da sociedade a respeito de seus direitos e dos deveres do Estado são as principais explicações para o crescimento acelerado das entidades do terceiro setor no Brasil, especialmente daquelas cujo foco são direitos humanos ou meio ambiente.
"É um reflexo da maior organização da sociedade. Em muitos casos, foram entidades criadas para defender direitos do cidadão ou interesses comuns", diz Anna Maria Peliano, pesquisadora do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
O diretor-executivo do Gife (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), Fernando Rossetti, acrescenta a abertura econômica e o controle da inflação.
"Antes da década de 90, o Brasil era mais fechado economicamente e isso fazia o país mais fechado culturalmente. Quando a economia se abriu, novas culturas corporativas, como a de empresas dos Estados Unidos, ou de participação da sociedade civil, como na Europa, foram sendo incorporadas. Essas culturas acabaram dialogando com uma democracia nascente no Brasil", diz Rossetti.
Jorge Eduardo Durão, diretor-geral da Abong (Associação Brasileira de ONGs), cita como marco a conferência mundial de meio ambiente que aconteceu em 1992 no Rio, que contribuiu para dar visibilidade ao trabalho das ONGs e para despertar setores da população para problemas ambientais.
Por ter sido feita a partir de um cadastro já existente, não foi possível pesquisar as fontes de financiamento ou de forma mais detalhada a função dessas entidades.
Para o diretor-geral da Abong, o papel das ONGs não é substituir o Estado: "Não temos vocação para isso, mas fazemos um importante papel de fortalecimento da sociedade civil". Sobre as fontes de financiamento, Durão afirma que, entre as filiadas da Abong, há uma parcela significativa que recebe recursos estrangeiros.
Para Rossetti, identificar as fontes de financiamento numa nova pesquisa é fundamental: "É importante saber o que é recurso público e o que é recurso privado, ou onde o terceiro setor está fazendo papel de Estado e onde ele está atuando em parceria".
O diretor do Gife diz que ainda há entidades com um foco mais assistencialista, mas que o perfil das organizações está mudando.


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