São Paulo, sábado, 11 de dezembro de 2004

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RIO

Rainha da bateria seria razão do crime

Achado suposto corpo de membro da Mangueira

PEDRO DANTAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A polícia encontrou ontem um corpo que pode ser do presidente da bateria da escola de samba Mangueira, Robson Roque, 43, desaparecido desde a última quarta. Segundo informações da central do Disque-Denúncia, ele teria sido assassinado por traficantes na madrugada de anteontem e seu corpo, carbonizado no alto do Complexo da Mangueira.
Segundo a polícia, o crime possivelmente está ligado à escolha da rainha de bateria da Mangueira, pois a vencedora do concurso não teria agradado aos traficantes, que preferiam outra jovem.
Policiais do Serviço Reservado acreditam que os restos mortais incinerados encontrados ontem no alto morro do Telégrafo, vizinho à Mangueira, pertençam a Roque, pois a ossada ainda estava quente e o local conhecido como "microondas", usado por traficantes para execução de rivais e desafetos, ainda exalava fumaça.
Os restos mortais foram encaminhados ao Instituto Médico-Legal. O ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) deve entregar um laudo em 40 dias sobre a identificação do cadáver.
Policiais ouvidos pela Folha afirmaram que a ordem para assassinar o sambista teria partido do traficante Alexander Mendes da Silva, o Polegar, preso em Bangu 3. Uma concorrente derrotada no concurso que escolheu a madrinha da bateria da Mangueira seria ligada ao traficante Francisco de Paula Testa Monteiro, o Tuchinha, chefe do tráfico no morro e que está na penitenciária de segurança máxima de Bangu 1.
A polícia investiga ainda uma possível desavença entre o sambista e traficantes, que teria sido causada pelo desvio de dinheiro do orçamento da bateria. Traficantes conhecidos como Cupim, Gordo e Doscar são apontados como os assassinos de Roque, que antes de ser baleado teria sido agredido com pedaços de pau e ferro ao se encontrar com os traficantes na Vila Miséria, próximo de onde o corpo foi achado.
No morro da Mangueira, os moradores não comentam o assunto. Diretores da agremiação temem a saída de investidores no próximo Carnaval. Oficialmente, a diretoria nega qualquer influência do tráfico na agremiação.
"Não há qualquer ligação entre a Mangueira e o crime. Roque sequer participou do júri composto por 13 pessoas, que elegeu a rainha da bateria. Ele apenas organizou o evento", disse o presidente da Mangueira, Álvaro Caetano.


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