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RIO
Rainha da bateria seria razão do crime
Achado suposto corpo de membro da Mangueira
PEDRO DANTAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A polícia encontrou ontem um
corpo que pode ser do presidente
da bateria da escola de samba
Mangueira, Robson Roque, 43,
desaparecido desde a última
quarta. Segundo informações da
central do Disque-Denúncia, ele
teria sido assassinado por traficantes na madrugada de anteontem e seu corpo, carbonizado no
alto do Complexo da Mangueira.
Segundo a polícia, o crime possivelmente está ligado à escolha
da rainha de bateria da Mangueira, pois a vencedora do concurso
não teria agradado aos traficantes, que preferiam outra jovem.
Policiais do Serviço Reservado
acreditam que os restos mortais
incinerados encontrados ontem
no alto morro do Telégrafo, vizinho à Mangueira, pertençam a
Roque, pois a ossada ainda estava
quente e o local conhecido como
"microondas", usado por traficantes para execução de rivais e
desafetos, ainda exalava fumaça.
Os restos mortais foram encaminhados ao Instituto Médico-Legal. O ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) deve entregar um laudo em 40 dias sobre
a identificação do cadáver.
Policiais ouvidos pela Folha
afirmaram que a ordem para assassinar o sambista teria partido
do traficante Alexander Mendes
da Silva, o Polegar, preso em Bangu 3. Uma concorrente derrotada
no concurso que escolheu a madrinha da bateria da Mangueira
seria ligada ao traficante Francisco de Paula Testa Monteiro, o Tuchinha, chefe do tráfico no morro
e que está na penitenciária de segurança máxima de Bangu 1.
A polícia investiga ainda uma
possível desavença entre o sambista e traficantes, que teria sido
causada pelo desvio de dinheiro
do orçamento da bateria. Traficantes conhecidos como Cupim,
Gordo e Doscar são apontados
como os assassinos de Roque, que
antes de ser baleado teria sido
agredido com pedaços de pau e
ferro ao se encontrar com os traficantes na Vila Miséria, próximo
de onde o corpo foi achado.
No morro da Mangueira, os
moradores não comentam o assunto. Diretores da agremiação
temem a saída de investidores no
próximo Carnaval. Oficialmente,
a diretoria nega qualquer influência do tráfico na agremiação.
"Não há qualquer ligação entre
a Mangueira e o crime. Roque sequer participou do júri composto
por 13 pessoas, que elegeu a rainha da bateria. Ele apenas organizou o evento", disse o presidente
da Mangueira, Álvaro Caetano.
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