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Piso na Bahia é inferior ao mínimo, afirma sindicalista
Gratificações complementam piso de R$ 324 por mês; maioria das escolas não tem bibliotecas nem laboratórios
O Fundeb é a esperança de professores para melhoria
da qualidade de ensino e reversão do sucateamento das unidades escolares
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Levantamento realizado pela
APLB (Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia)
revela que 90% das escolas estaduais baianas não têm biblioteca, 78% das unidades não
possuem laboratório de ciências e o piso salarial do professor pago pelo governo, R$ 324,
está abaixo do salário mínimo.
Por isso, o Fundeb é considerado uma das maiores esperanças para melhorar a qualidade
de ensino no Estado. "Com o
Fundeb, existe a possibilidade
de invertermos essa triste realidade", afirmou o presidente
da entidade, Rui Oliveira, 54.
De acordo com o sindicalista,
com as gratificações, todos os
professores das redes municipal e estadual recebem mais
que um salário mínimo por
mês, mas o profissional aposentado não tem direito a esse
complemento mensal. "O problema é que os professores não
têm a garantia de incorporação
dessas gratificações em suas
aposentadorias, o que é desestimulante para a categoria", afirmou o presidente.
Com o Fundeb, novo fundo
da educação aprovado pelo
Congresso, a Bahia deverá ser a
unidade da federação com o
maior volume de recursos destinados pelo governo federal.
Isso porque, na relação matrícula de alunos/orçamento, é
um dos Estados em que o valor
investido per capita é um dos
mais baixos do país.
Média nacional
Os números apresentados
pela APLB são contestados pela
Secretaria Estadual da Educação. A secretária Anaci Paim
disse que a rede estadual tem
indicadores de qualidade muito
próximos à média nacional.
"Laboratórios de ciências, informática e acesso à internet
são indicadores em que o Estado não se diferencia muito da
média", afirmou ela.
Anaci Paim reconhece, no
entanto, que a Bahia precisa investir mais na construção de bibliotecas e quadras de esportes.
"Com o Fundeb, vamos economizar cerca de R$ 250 milhões
por ano, e esses recursos poderá ser investido na melhoria da
qualidade de ensino."
Atualmente, o Estado transfere aos 417 municípios da Bahia R$ 900 milhões por ano para cumprir a matrícula do ensino fundamental. As 926 escolas
do ensino médio, que serão
contempladas com o fundo,
contam com 791.051 alunos.
Uma simples visita a uma escola municipal de Salvador
comprova a precariedade das
instalações. Na Escola Municipal João 23, de ensino fundamental, por exemplo, as redes
elétrica e hidráulica estão danificadas, há muitas infiltrações
nas paredes, faltam carteiras e
mesas e o reservatório de água
está escorado por madeiras.
Uma funcionária da escola,
que pediu para não ser identificada, disse que continua trabalhando por amor à profissão, já
que, além das precárias condições, há constante atraso no pagamento dos salários. "Agora,
vamos torcer para o Fundeb
sair mesmo do papel e ser aplicado somente em benefício da
educação. A sociedade precisa
estar atenta e fiscalizar todas as
verbas destinadas aos estabelecimentos", disse Rui Oliveira.
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