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CARNAVAL 2006
Agremiações ensaiam em casas badaladas e cobram entrada mais alta que na comunidade para aumentar orçamento
Por renda extra, escolas do Rio vão à zona sul
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Em busca de um novo público e
de mais dinheiro para fazer o Carnaval, as escolas de samba optam
cada vez mais por ensaiar na zona
sul ou no centro do Rio, longe de
suas comunidades. Nem sempre,
porém, os locais alternativos conservam o mesmo entusiasmo das
quadras originais das escolas, localizadas, em sua maioria, próximos ao morros da cidade.
Com sua quadra superlotada
(mais de 8.000 pessoas a cada sábado e tendo de fechar a bilheteria
à 1h), a Mangueira ensaia neste
ano também na casa de shows
Scala, no Leblon. Na última sexta-feira, colocou cerca de 2.000 pessoas no local. O público, porém,
era bem distinto, composto especialmente de turistas, que querem
conforto e segurança.
"Acho aqui mais seguro para
trazer meus amigos que estão visitando o Brasil. Tem mais gente
bonita, embora também vá à quadra e ache lá mais animado", afirmou Barbará Brakarz, 26, que estava acompanhada de um grupo
de seis norte-americanos.
A turista paraguaia Valéria Alce,
25, também ressalta a segurança:
"Acho que na favela não me sentiria tão tranqüila", afirmou ela,
que, ao lado da mãe, Nina, assistiu
a um ensaio pela primeira vez.
Opção parecida fez a Beija-Flor,
que ensaia todas as sextas-feiras
até o Carnaval no Claro Hall, na
Barra da Tijuca. A cada apresentação, leva um convidado: nesta
semana é a vez de Jorge Ben Jor.
O preço também é mais salgado: varia de R$ 20 a R$ 130, enquanto nas quadras mais badaladas o ingresso fica entre R$ 20 e
R$ 30. Em Nilópolis (região metropolitana do Rio), a entrada
custa só R$ 5.
A Portela se apresenta neste
ano, pela primeira vez, na Lapa
(região central). Todos os sábados
a escola de Madureira ensaia no
Circo Voador.
Público pequeno
Outra escola que veio para a zona sul foi a Porto da Pedra, de São
Gonçalo. Seus ensaios acontecem
no clube Sírio-Libanês, no bairro
de Botafogo. No último sábado,
apesar da afinada bateria, o público era pequeno.
"É a primeira vez que venho
num ensaio de escola de samba.
Pensei que fosse bombar mais",
disse Robert Kreuger, 20.
Um outro ensaio badalado na
zona sul -e que sempre atrai celebridades- é o da Grande Rio,
que utiliza o Clube Monte Líbano
para se apresentar. A entrada chega a custar R$ 35.
O Salgueiro também se apresenta fora de sua quadra: a vermelho-e-branco está todas as sextas
na casa de show Ilha dos Pescadores, na Barra.
Opções mais baratas e próximas
do centro da cidade são a Unidos
da Tijuca, que cobra R$ 10 em
seus ensaios no Clube dos Portuários (região central, próximo à rodoviária), e a Estácio de Sá, tradicional escola do Rio que está no
grupo de acesso -lá, o ingresso
sai por apenas R$ 5.
Samba esquema velho
Tanto nas quadras como fora
delas os ensaios não mudam muito. Começam ou com uma roda
de samba ou com um grupo pagode, depois são tocados sambas
famosos da escola e de outras
agremiações, intercalados com o
samba-enredo deste ano.
No Scala, a Mangueira inovou, e
um grupo de axé abre o espetáculo. Em geral, nos ensaios na zona
sul, os sambas mais conhecidos
ganham mais espaço -já o samba-enredo do ano tem menos repetições.
Segundo o vice-presidente do
Salgueiro, Guará do Salgueiro, os
ensaios são uma importante fonte
de renda das escolas, por isso, as
agremiações buscam novos públicos e locais de ensaio.
Álvaro Caetano, presidente da
Mangueira, afirmou que 30% da
receita da escola vem dos ensaios.
Neste ano, o orçamento da Mangueira é de R$ 5 milhões. O do Salgueiro, de R$ 4,5 milhões.
Gratuito
De graça, os ensaios técnicos
têm lotado a Marquês de Sapucaí
nas noites de sexta, sábado e domingo. No último domingo, cerca
de 50 mil pessoas foram à Sapucaí
ver as apresentações da Mangueira, do Salgueiro e da Caprichosos.
Ao final, o público assistiu a um
show da cantora Alcione. Em todos os domingos, um músico encerra os ensaios.
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