São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

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KÁTIA DE QUEIRÓS MATTOSO (1932-2011)

Greco-baiana que lecionou em Paris

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

A tese que a greco-baiana Kátia de Queirós Mattoso defendeu na Universidade de Paris 4 ficou tão volumosa que passou a ser conhecida pelos alunos como Mattosão.
Virou o livro "Bahia, Século 19: Uma Província no Império" (1992) e levou à criação, em 1988, da cadeira de história brasileira na Sorbonne, que ela comandou até 1999, quando se aposentou.
Kátia nasceu na Grécia e estudou nas universidades de Lausanne (Suíça) e Sorbonne (França), tornando-se doutora em ciência política.
Trabalhava no serviço diplomático grego quando conheceu o engenheiro brasileiro Sylvio de Queirós Mattoso, com quem se casou. Depois de um tempo morando em SP, foram viver na Bahia.
Apaixonou-se pelo Estado e por sua história. E se tornou uma das maiores especialistas na história da escravidão.
Na Universidade Católica de Salvador e na federal da Bahia, ela deu aulas. Como professora visitante, passou também pelas universidades de Minnesota e Columbia, nos Estados Unidos. Um de seus livros mais conhecidos, além do Mattosão, é "Ser Escravo no Brasil" (1982).
Depois de se separar, deixou o Brasil justamente para lecionar na Sorbonne, de onde foi professora emérita. Continuou usando o nome de casada. Seus orientandos ela considerava como filhos.
No ano passado, decidiu doar toda a sua biblioteca pessoal à federal da Bahia.
Kátia teve um câncer. Morreu ontem, aos 78, em Paris. Deixa duas filhas, sete netos e um bisneto, nascido há poucos dias. Ela será enterrada na Grécia, onde mora uma filha; a outra vive na Bahia.

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