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Para PF, preso em SP é caixa de Abadía
Colombiano apresentado pela polícia na última semana diz que Abadía já tirou do Brasil os US$ 100 milhões que tinha escondidos
Ramón Manuel Yepes Penagos ficou nove meses preso em São Paulo com a identidade do mineiro Manoel Oliveira Ortiz
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O colombiano Ramón Manuel Yepes Penagos, que ficou
preso em São Paulo por nove
meses com identidade falsa,
disse ontem à Polícia Federal
que os US$ 100 milhões (cerca
de R$ 230 milhões) que o megatraficante Juan Carlos Ramírez Abadía mantinha no Brasil
já foram tirados do país.
Yepes é apontado pela polícia
da Colômbia e pelo DEA (a polícia antidrogas dos Estados
Unidos) ora como sócio ora como uma espécie de diretor financeiro de Abadía.
Durante os dois anos em que
a PF acompanhou os passos de
Abadía, de 2005 a 2007, foram
gravadas conversas em que o
nome Manuel é associado a dinheiro, de acordo com interpretação dos policiais que atuaram na Operação Farrapos, que
investigou o megatraficante.
Após ser preso, Abadía informou à PF que tinha dinheiro
escondido numa casa em Campinas (93 km a noroeste de São
Paulo). Os policiais foram até o
local indicado e encontraram
enterrados US$ 952 mil (cerca
de R$ 2,18 milhões, pela cotação atual) e 420 mil (pouco
mais de R$ 1,24 milhão).
O próprio Abadía sugeriu ao
juiz Fausto Martin de Sanctis,
que atuou no caso, que tinha
mais recursos no Brasil. Ele
tentou negociar com o juiz a
entrega de US$ 35 milhões em
troca da anulação da ação.
O juiz considerou que Abadía
queria comprar a Justiça e recusou a oferta. Preso em agosto
de 2007, Abadía foi extraditado
para os EUA um ano depois.
Ontem, em conversa informal com policiais federais, Yepes disse que o dinheiro foi tirado do Brasil sem passar por
bancos ou qualquer outro esquema especial. Ele negocia
com a PF uma delação premiada para contar o que sabe.
Identidade falsa
Apesar de falar espanhol com
um forte sotaque, Yepes ficou
preso nove meses no Centro de
Detenção Provisória de Pinheiros (zona oeste) como se fosse o
mineiro Manoel Oliveira Ortiz.
Na última semana, a Polícia Civil de São Paulo apresentou-o à
imprensa como se fosse Carlos
Ruiz Santamaria, integrante do
Cartel de Calí e procurado na
Espanha. Para o governo espanhol, ele era mexicano. Aos policiais brasileiros, disse ser colombiano.
O nome também era falso. A
verdadeira identidade de Yepes
só foi estabelecida depois que
fotos dele circularam pelo
mundo. O DEA e a polícia colombiana informaram que
aquela pessoa não era Ruiz.
A identidade do traficante foi
revelada anteontem pelo "Jornal Nacional", da Rede Globo.
Yepes é procurado pelas polícias da Colômbia, dos EUA, da
Espanha e da Alemanha. É acusado de tráfico, homicídio, formação de quadrilha e lavagem
de dinheiro. Na Espanha, foi
condenado sob acusação de ter
traficado 13 toneladas de cocaína para aquele país. Esteve preso na Alemanha, de onde escapou há cerca de oito anos.
Yepes foi preso pela polícia
paulista em 2008 com comprimidos de ecstasy, um indício de
que ele já não controlava grandes quantias de dinheiro.
Vivia num apartamento simples e não ostentava riqueza,
como Abadía. Para a Polícia Federal, se ele controlasse grandes somas, não se envolveria
com o tráfico miúdo.
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