São Paulo, Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 1999
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PESQUISA
Só 33% das amostras analisadas de leite B foram consideradas de acordo com o padrão do ministério
Saúde detecta excesso de bactérias no leite

DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília

Análise feita em 70 marcas de leite e queijo vendidos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul detectou alta concentração de bactérias em 14 tipos de leite B, C e longa vida e em 12 de queijo prato e queijo minas.
A pesquisa, do Ministério da Agricultura e do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial), foi feita entre novembro e janeiro passados em 12 cidades.
Dos 26 produtos com alta concentração de bactérias, 8 ofereciam risco potencial à saúde e foram considerados impróprios para consumo. Essas oito marcas apresentaram concentração de bactérias cem vezes acima do limite permitido pelo Ministério da Saúde.
Também foi detectada a presença de antibióticos em outras quatro marcas de leite B e C.
Das 70 marcas pesquisadas, 33% das amostras de leite B, 41% das de leite C e 81% das de leite longa vida foram consideradas de acordo com o padrão higiênico determinado pela portaria 451 do Ministério da Saúde.
A portaria estabelece a quantidade máxima de bactérias que podem estar presentes no leite e estipula outras regras da produção.
Os queijos também foram reprovados: apenas 36% das amostras de queijo prato e 50% das de queijo minas não estavam com algum tipo de contaminação.
O presidente da Associação Leite Brasil, Jorge Rubez, afirma que não ficou surpreso. Para ele, a contaminação acontece, sobretudo, durante o transporte do leite das usinas para os pontos-de-venda.
A falta de cuidado com o armazenamento chamou a atenção dos pesquisadores. Em Minas, foram encontrados problemas de refrigeração em 60% dos pontos-de-venda. Nos demais Estados, em 40%.
As amostras usadas na pesquisa estavam armazenadas adequadamente. Isso significa que a alta concentração de bactérias é decorrente da falta de higiene na linha de produção ou no transporte.
Apesar de marcas tradicionais terem apresentado problemas, a maior parte dos produtos reprovados não possuía o SIF (Selo de Inspeção Federal) -que atesta que todas normas higiênicas durante a produção foram cumpridas.
Das que passaram por inspeção estadual e municipal, 80% apresentavam alguma contaminação. E das marcas sem fiscalização, nenhuma estava de acordo com os padrões higiênicos.
Para Alfredo Lobo, coordenador do Inmetro, isso desfaz a crença popular de que o leite e o queijo que vêm "direto da fazenda" são mais saudáveis do que os industrializados.


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