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PESQUISA
Só 33% das amostras analisadas de leite B foram consideradas de acordo com o padrão do ministério
Saúde detecta excesso de bactérias no leite
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
Análise feita em 70 marcas de leite e queijo vendidos em São Paulo,
Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio
Grande do Sul detectou alta concentração de bactérias em 14 tipos
de leite B, C e longa vida e em 12 de
queijo prato e queijo minas.
A pesquisa, do Ministério da
Agricultura e do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial),
foi feita entre novembro e janeiro
passados em 12 cidades.
Dos 26 produtos com alta concentração de bactérias, 8 ofereciam
risco potencial à saúde e foram
considerados impróprios para
consumo. Essas oito marcas apresentaram concentração de bactérias cem vezes acima do limite permitido pelo Ministério da Saúde.
Também foi detectada a presença de antibióticos em outras quatro marcas de leite B e C.
Das 70 marcas pesquisadas, 33%
das amostras de leite B, 41% das de
leite C e 81% das de leite longa vida
foram consideradas de acordo
com o padrão higiênico determinado pela portaria 451 do Ministério da Saúde.
A portaria estabelece a quantidade máxima de bactérias que podem estar presentes no leite e estipula outras regras da produção.
Os queijos também foram reprovados: apenas 36% das amostras
de queijo prato e 50% das de queijo
minas não estavam com algum tipo de contaminação.
O presidente da Associação Leite
Brasil, Jorge Rubez, afirma que
não ficou surpreso. Para ele, a contaminação acontece, sobretudo,
durante o transporte do leite das
usinas para os pontos-de-venda.
A falta de cuidado com o armazenamento chamou a atenção dos
pesquisadores. Em Minas, foram
encontrados problemas de refrigeração em 60% dos pontos-de-venda. Nos demais Estados, em 40%.
As amostras usadas na pesquisa
estavam armazenadas adequadamente. Isso significa que a alta
concentração de bactérias é decorrente da falta de higiene na linha de
produção ou no transporte.
Apesar de marcas tradicionais
terem apresentado problemas, a
maior parte dos produtos reprovados não possuía o SIF (Selo de Inspeção Federal) -que atesta que
todas normas higiênicas durante a
produção foram cumpridas.
Das que passaram por inspeção
estadual e municipal, 80% apresentavam alguma contaminação. E
das marcas sem fiscalização, nenhuma estava de acordo com os
padrões higiênicos.
Para Alfredo Lobo, coordenador
do Inmetro, isso desfaz a crença
popular de que o leite e o queijo
que vêm "direto da fazenda" são
mais saudáveis do que os industrializados.
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