ANGELO SASTRE
da Folha Ribeirão

Grupos de traficantes de Ribeirão Preto estão expulsando moradores de suas casas em favelas e na periferia da cidade para utilizar os imóveis como depósitos e pontos-de-venda de drogas.
A ação está criando ruas "fantasmas" e gerando um clima de insegurança nos bairros.
Desde maio de 99, ao menos 50 casas foram abandonadas pelos moradores em razão de ameaças dos traficantes. A maior parte dos casos não chega à polícia.
Somente no bairro Adelino Simioni, na zona norte, uma favela foi inteiramente desocupada.
O Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubo e Assalto) demoliu 40 barracos abandonados que estavam sendo utilizados pelos traficantes locais.
Há 15 dias, no mesmo local e com a favela já reconstruída por novos moradores, o Garra prendeu o suposto traficante Alceir Bittencourt Magiezi, o "Branco".
Ele era acusado de estar ameaçando a família de Armando Moreno, 57, que se preparava para a mudança. Mesmo com a polícia prendendo o traficante, a família decidiu sair da casa por medo.
De acordo com o delegado do Garra, Sérgio Siqueira, esses casos foram os únicos registrados de forma oficial, mas nem de longe representam um fato isolado.
Ele afirma que, na maioria das vezes, as pessoas fogem sem avisar a polícia devido ao medo de possíveis represálias.
No início de janeiro, uma família de evangélicos pediu o apoio do Garra para retirar a mudança de sua casa na rua que dá acesso à favela das Mangueiras, na Vila Virgínia (zona oeste).
Segundo a dona-de-casa Maria Aparecida de Oliveira, o marido havia desaparecido após receber várias ameaças de um grupo de traficantes do local.
A família vive hoje em uma cidade do interior, escondida até mesmo da polícia.
Localizados pela reportagem da Folha, eles disseram que ainda temem pelas suas vidas.


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